Dados do Trabalho


TÍTULO

NEOPLASIA MUCINOSA DE APENDICE CECAL: UMA APRESENTAÇAO INCOMUM

INTRODUÇÃO

As neoplasias mucinosas apendiculares são consideradas enigmáticas e de imprevisível potencial biológico. A imprevisibilidade reside no potencial de disseminação para o peritônio e vísceras na forma de depósitos de mucina gelatinosa que pode levar ao pseudomixoma peritoneal. Além disso, sua classificação histológica e terminologia não possuem um padrão muito bem estabelecido entre os pesquisadores, o que complica as condutas após o diagnóstico. Desse modo, faz-se útil a apresentação do caso, uma vez que com maior número de relatos a probabilidade de estabelecer uma melhor classificação aumenta, ainda que o diagnóstico precoce associado ao tratamento adequado melhora a sobrevida do paciente.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 56 anos, vem ao plantão de emergência do HSC referindo desconforto abdominal em região epigástrica, quadro com 12 horas de evolução. Nega demais queixas. Na admissão hospitalar, o exame clínico apresentou leucocitose (13.900 mm³) e Proteína C reativa de 12,87 mg/dL, no exame físico apresentou dor a palpação profunda em FID, sem sinais de peritonismo e Blumberg ausente. Solicitou-se TC de abdômen que constatou apêndice cecal distendido, com diâmetro transverso em até 3,0 cm, contendo diminuído apendicolito no seu interior com paredes levemente espessadas e no interior do apêndice há imagem hipodensa, predominante cística, sinais inflamatórios adjacentes ao apêndice com infiltrado de gordura e mínima quantidade líquido livre, além de linfonodos do FID com discreto aumento. Realizou-se apendicectomia videolaparoscópica em que se observou apêndice com múltiplas aderências em ileo terminal e ceco, amento difuso de tamanho, sem liquido livre ou aparente sinal inflamatório/infeccioso agudo. Anatomopatológico constatou neoplasia mucinosa de baixo grau associada a apendicite aguda supurada rota, com extensa ulceração da mucosa e necrose mural. Paciente com boa evolução pós-operatória, sem complicações e intercorrências, sendo liberado no 2º dia de internação. Encaminhado ao serviço de cirurgia oncológica para estadiamento e programação de ileocolectomia direita.

DISCUSSÃO

A neoplasia mucinosa apendicular de baixo grau é caracterizada por possuir um epitélio displásico produtor abundante de mucina, o acúmulo leva à dilatação cística do tumor com atenuação progressiva do epitélio de revestimento, que pode ou não provocar perda dos componentes musculares da parede e fibrose mural. Apesar de ter aparência branda, a neoplasia pode penetrar através do apêndice, provocar sua ruptura e progredir para pseudomixoma peritoneal. Sobre suas características clínicas, ocorre tipicamente em pacientes sexagenários, sendo a apresentação mais comum dor abdominal que mimetiza apendicite aguda. O relato apresenta semelhanças em relação aos aspectos epidemiológicos da literatura médica, entretanto, como ocorreu ruptura do apêndice, condutas mais especializadas como um tratamento de malignidades de superfície peritoneal deve ser indicado.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Santa Cruz - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Rafael Luiz Doncatto, Luiz Miguel Doncatto, Weverton Aparecido Sousa Pereira, Manassés Soares Souza, Rafael Antoniazzi Abaid, Marina Tavares Ferreira