Dados do Trabalho


TÍTULO

DUODENOPANCREATECTOMIA POR NEOPLASIA CISTICA MUCINOSA EM CABEÇA DE PANCREAS COM LIGADURA DE VEIA MESENTERICA SUPERIOR

INTRODUÇÃO

As neoplasia císticas mucinosas de cabeça de pâncreas, também conhecidas como cistoadenomas mucinosos são tumores preenchidos por mucina, de crescimento lento e com maior incidência entre as mulheres. Em sua maioria, devido ao potencial de malignidade, são de tratamento cirúrgico, quando a localização e condição clinica do doente permitem essa ressecção.

RELATO DE CASO

Relatamos o caso da paciente C.P.O, 34 anos, sem comorbidades, com quadro de dor abdominal com irradiação para o dorso, de evolução por 03 meses associada a náuseas, vômitos e emagrecimento. Sem icterícia, colúria ou acolia fecal. Durante a investigação da etiologia, realizou exame de endoscopia digestiva que não evidenciou alterações esofágicas, porém definia uma área de compressão extrínseca a nível da segunda porção duodenal. Prosseguindo, optado por tomografia de abdome/pelve com contraste que definia uma lesão expansiva de 8,3 x 7,0 x 7,8 cm de aspecto sólido cística heterogênea e circunscrita localizada na cabeça do pâncreas, com realce periférico ao meio de contraste iodado, com focos de calcificações grosseiras em seu interior e periféricas e áreas hipoatenuantes sugestivas de conteúdo hemático, observado ducto pancreático principal sem sinais de invasão ou dilatação, presença de intimo contato com veia mesentérica superior, comprimindo e deformando-a, não sendo possível excluir trombose associada, presença de intimo contato com segunda e terceira porções duodenais, sem causar obstrução completa e presença de ectasias venosas (medindo 0,8cm) peri hepática, peri esplênica e em hipocôndrio direito.

Paciente com dores abdominais refratárias a analgesia, além de tumoração sólido cística de aspecto maligno sendo optado por abordagem cirúrgica sem exames complementares. Submetida a laparotomia com achados intra operatórios de grande tumoração em cabeça de pâncreas causando trombose completa de veia mesentérica superior por compressão e estiramento associado a importante circulação colateral em hipocôndrio direito com reenchichimento de vasos mesentéricos e manutenção de fluxo venoso em alças intestinais e enchimento de veia porta pela veia gástrica esquerda, ramos colaterais peri esplênicos e hepáticos, sem hipertensão portal em ramos esofagianos devido a boa drenagem da veia porta. Optado por realizar duodenopancreatectomia com ligadura de veia mesentérica superior sem reconstrução venosa, devido a manutenção de bom fluxo venoso por colaterais.

Apresentou boa evolução no pós operatório com fistula pancreática tipo A, recebendo alta hospitalar com dreno no oitavo dia. O resultado da imunohistoquímica definiu neoplasia cística mucinosa sem estroma ovariano.

DISCUSSÃO

O caso apresentado é uma conduta de exceção nas ressecções vasculares associados a duodenopancreatectomia, sendo a grande maioria dos relatos na literatura baseados em táticas de reconstrução venosa com aproximação do mesentério e anastomose termino terminal ou interposição de enxerto venoso ou uso de próteses vasculares.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Santa Casa de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Caio De Carvalho Zanon, Andre De Moricz, Adhemar Monteiro Pacheco, Ricardo Tadashi Nishio, Roberto Augusto Caffaro, Marcos Belotto