Dados do Trabalho
TÍTULO
DEGASTRECTOMIA PARA TRATAMENTO DE ADENOCARCINOMA DE COTO GASTRICO POS GASTRECTOMIA A BILLROTH LL DEVIDO DOENÇA ULCEROSA PEPTICA
INTRODUÇÃO
O câncer gástrico é uma das neoplasias malignas mais frequentes do aparelho digestivo, tendo prevalência e mortalidade elevadas. O câncer de coto gástrico foi definido como uma neoplasia que surge no estômago remanescente após cinco anos de gastrectomia para doenças benignas ou após dez anos da operação primária para doença maligna, ocasionada devido ao refluxo bilio-pancreático na área anastomosada, sendo esta a região preferencial para o crescimento tumoral. O exame padrão ouro para o diagnóstico é a endoscopia com múltiplas biopsias de áreas relacionadas ao tumor, especialmente da região anastomótica. Embora o prognóstico do câncer de coto gástrico seja ruim, a sobrevida melhora drasticamente com detecção precoce.
RELATO DE CASO
A.E., masculino, 75 anos, ex-tabagista, vem ao PS relatando perda ponderal de 5kg, hiporexia, e dor abdominal difusa há 1 mês, evoluindo com náuseas e vômitos há 5 dias. Ao exame físico: BEG, desidratado 2+/4. Presença de abdome globoso, distendido, hipertimpânico em abdome superior e doloroso a palpação difusamente, sem sinais de peritonismo. Possui história de gastrectomia a BII (Há 40 anos – ulcera péptica). Diante do quadro de suboclusão gastrointestinal, o paciente foi internado para investigação. Foram realizados os seguintes exames: TC de abdome (05/03/2018): gastrectomia parcial com gastrojejunoanastomose sem alterações. Espessamento nodular da papila duodenal com dilatação moderada do duodeno e conteúdo líquido no seu interior; EDA (06/03/2018): Lesão elevada de aspecto infiltrativo envolvendo coto distal e boca anastomotica da alça aferente, com biopsia evidenciando: Adenocarcinoma moderadamente diferenciado, invasivo, com células em anel de sinete. Portanto, no dia 21/03/18, foi realizado Degastrectomia com Reconstrução em Y de roux. Não houve intercorrências. Recebeu alta no 10° PO com dieta via oral e condições clínicas satisfatórias. Ao exame anatomopatologico foi evidenciado na: (1) biópsia de mesentério: Adenocarcinoma infiltrando tecido adiposo, (2) peça cirúrgica de degastrectomia: Adenocarcinoma gástrico pouco diferenciado, comprometendo segmentos colônicos de anastomoses com estadiamento: T4a.
DISCUSSÃO
Neste relato o paciente possuía 75 anos e teve o diagnóstico após 40 anos da realização da gastrectomia A BII devido a ulcera péptica, compatível com o que sugere o estudo de Lagergren (2012). O desfecho foi favorável mesmo após identificação da patologia em fase avançada, provavelmente diagnosticada tardiamente devido a falta de realização de endoscopias seriadas 10 a 15 anos após a cirurgia. Além disso, deve-se ressaltar que a realização de endoscopias seriadas com biópsias múltiplas, independentemente se há falta de sintomas e/ou alteração endoscópica deve ser realizada pois, embora o prognóstico do câncer de coto gástrico seja desfavorável, o diagnóstico antecipado da neoplasia melhora de maneira significativa o desfecho do caso e aumenta a sobrevida do paciente.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
Matheus Vieira dos Santos, Aline Vaz Borges, Bruno Cesar Dias, Marcos Vinicius Passos Rodrigues Silvino, Isabel Butter Amim, Bernardo Luiz Campanário Precht, Adriana Cristina Vianna Alvarenga, Nayara de Arruda Cáceres