Dados do Trabalho
TÍTULO
NECROSE APOS CHOQUE ELETRICO COM PERDA DE MAO
INTRODUÇÃO
Lesões elétricas são caracterizadas por abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo corpo humano. Elas representam uma pequena parcela das admissões nos serviços de urgência e emergência no Brasil. Entretanto, houve um aumento de 33,6% nos acidentes de origem elétrica entre 2013 e 2017, com número considerável de mortes e lesões permanentes. Esse fato representa a subestimação para com esse tipo de injúria, uma vez que a extensão do aparente dano tecidual não reflete precisamente a magnitude da lesão. Suas manifestações clínicas perpassam os diferentes graus de queimadura e geralmente tem necessidade de intervenção imediata. O tratamento cirúrgico depende da apresentação sistêmica e local, indo de desbridamento à amputação do membro afetado.
RELATO DE CASO
Paciente A.V.S, 21 anos, admitido no dia 27 de maio de 2014, após choque elétrico de alta tensão com saída em membro superior esquerdo. Realizada fasciotomia por síndrome compartimental no membro. Evoluiu após 2 dias com necrose de mão e terço distal de antebraço, sendo submetido a amputação em terço medial de antebraço esquerdo, recebendo analgesia e alta após 1 semana e encaminhado para protetização.
DISCUSSÃO
A lesão térmica à pele é intensa e profunda, porque o arco elétrico tem uma temperatura de cerca de 2.500ºC (alta suficiente para derreter ossos). Uma vez no interior do corpo a corrente passa através dos músculos, causando uma lesão mais semelhante a um esmagamento que a queimadura térmica. A queimadura cutânea nos locais de entrada e saída é geralmente uma área deprimida cinzenta, ou amarelada, circundada por área de hiperemia, podendo estar presente também a carbonização. A lesão deve ser debridada até o tecido sadio subjacente. Na área acometida pela corrente elétrica, ocorre uma rápida perda de liquido intravascular e proteínas pelos capilares lesados pelo calor, que é maior nas primeiras 6-8 horas. Além disso, há um aumento na pressão osmótica intersticial, que acentua o edema, caracterizando, dessa forma, a síndrome compartimental. O quadro clinico clássico da síndrome é representado por dor desproporcional à lesão, parestesia, palidez e ausência de pulso. A conduta realizada é a fasciotomia para descompressão dos tecidos ocasionada pelo edema e perda de liquido. O paciente em questão, apresentou um quadro de trombose que ocorre frequentemente em vasos profundos de uma extremidade, como a mão, causando uma necrose tecidual mais profunda. Com isso, a decisão técnica pela amputação levou em consideração a adequação do fluxo sanguíneo e na extensão da necrose tissular. O fluxo de sangue extremamente baixo, ou ausente, prediz a ausência de cicatrização e com isso faz-se necessário a amputação do segmento em questão. No entanto, cabe ressaltar que, a determinação da necessidade da amputação, bem como o nível da mesma, necessita-se de uma avaliação feita pelo cirurgião com exame clinico, medição da pressão arterial, determinação da pressão de oxigênio e outras medidas de perfusão cutânea.
Área
TRAUMA
Instituições
FASB - Bahia - Brasil
Autores
José Vitor Cambuí Cordeiro, Laís Carvalho Nascimento, Victória Mutti Maia, Carlos Roberto Lima Filho, Moana Bastos Cavalcanti, Nayra Castro Ledo, Tauã Lima Pereira, Thiago Melo Espírito Santo