Dados do Trabalho


TÍTULO

Onde estávamos e para onde vamos na expansão da colecistectomia videolaparoscopica do SUS : série temporal dos últimos 10 anos

OBJETIVO

Avaliar tendência temporal na realização das colecistectomias convencionais (CC) e vídeo-laparoscópicas (CVL) de caráter eletivo (E) e de urgência (U), assim como internações para colecistite aguda (CA) onde não houve cirurgia no cenário SUS Brasil no período de 2008-2018. Há uma propensão mundial em aumentar as CVL em relação às CC, tanto de caráter E ou de U, mesmo em países com recursos limitados, devido aos benefícios já bem estabelecidos. Não há avaliações delimitando tal tendência a nível nacional.

MÉTODO

Foi realizado estudo transversal observacional de análise de tendência temporal com dados retrospectivos extraídos do DATASUS no período de janeiro 2008 a dezembro de 2018 do número de CVL e CC de U e de E, assim como internações pelo CID K.81. O intervalo de tempo foi decomposto em meses e divididos em 3 períodos iguais (∆t1=44,∆t2=88,∆t3=132 meses). Foram utilizados o teste não paramétrico Kruskal-Wallis e regressão linear com equação de sazonalidade para estimar a diferença entre os três períodos e se houve associação do número de cirurgias com o passar do tempo em meses.

RESULTADOS

Das 1.998.601 colecistectomias realizadas na última década, houve aumento progressivo entre os períodos de colecistectomias realizadas em medianas por mês (∆t1=13412,∆t2=15112,∆t3=16.926; p<0,001) e em de CVL realizadas (∆t1=18%,∆t2=27%,∆t3=38%; p<0,001), indo de 12,8% em 2008 para 39,2% em 2018. Houve também associação de aumento das cirurgias eletivas por mês, confirmando a tendência (beta=37,8 cirurgias E, p<0,001), concomitante ao aumento progressivo das cirurgias de urgência (beta=3,9 cirurgias U, p<0,001). Entretanto, na regressão não houve diferença na série temporal das proporções de pacientes internados com colecistite aguda e que não foram operados na urgência (88,3% em 2008 para 89,2% em 2018; p=0.599).

CONCLUSÕES

No Brasil, nos últimos 10 anos, houve uma tendência temporal no aumento do número de colecistectomias no cenário SUS, predominantemente à custa do incremento das CVL, melhorando o tratamento oferecido. Todavia o mesmo não ocorreu no cenário onde o paciente interna com CA e por alguma razão não é operado. Políticas que estimulem o aumento número de cirurgias de U na CA são necessárias, assim como expansão da disponibilidade de CVL no SUS.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Central do Exército & Universidade Estadual do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Michele Medeiros Demutti, Roberto Castanhedes Esteves, Guilherme Heindenfelder, Sabraj Otavio Clemente Dutra, Cid Manso Mello Vianna, Gerson Nunes Cunha, Lia Roque Assumpção