Dados do Trabalho
TÍTULO
FISTULECTOMIA NA DOENÇA DE CROHN: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Doença de Crohn caracteriza-se por inflamação crônica da camada mucosa a camada serosa do trato gastrintestinal, de forma uni ou multifocal, tendo etiologia multifatorial. Pode ter consequências como formação de fístulas e não tem cura, afetando aspectos emocionais e físicos do paciente. O tratamento medicamentoso pode obter sucesso. Porém, quando há complicações como, obstruções, supurativas, fístulas e doença refratária ao tratamento medicamentoso, pode-se lançar mão da intervenção cirúrgica.
RELATO DE CASO
J.P.R., 32 anos, feminina, amarela, natural e procedente de São José dos 4 Marcos (MT), há 8 anos (em 2011) iniciou quadro de diarreia (Bristol 7), 10 episódios por dia, sem sangue e sem muco, associado a dor em abdome inferior tipo cólica, fator de piora o uso de leite e derivados. Foi orientada a suspender leite e derivados e tratado com antiparasitários. Três meses depois, houve piora do quadro, com inapetência, hiporexia, perda ponderal (8 kg).
Solicitado colonoscopia em dezembro de 2011, que evidenciou: Retite, colite de transverso e ascendente valvulite ileocecal de leve intensidade - biópsias para diferencial de RCUI e D. Crohn.
Foi prescrito Mesalazina, porém relata não ter se adaptado ao medicamento, suspendendo seu uso por aproximadamente dois anos. Relata estabilização do quadro, não apresentando sintomas e fezes tipo 4 na escala de Bristol por aproximadamente 2 anos. Após esse período, surgiram fístulas peri-anais e de grandes lábios, acompanhadas de dor na região anal e vaginal e secreção de fezes pela vagina.
Tratada com Infliximabe e Azatioprina. Porém, não houve melhora do quadro, sendo necessária a cirurgia, com a implantação de 3 sedenhos em agosto de 2016 e feita a retirada de 2 sedenhos em fevereiro de 2017.
Ainda em 2017 apresentou celulite perianal, diagnosticada após consulta de rotina no ambulatório de doença inflamatória intestinal. Apresentava quadro de sangramento em região anal e febre não aferida e ao exame físico possuía sinais flogísticos na região perianal, além de estenose retal. Apresentou resolução do quadro com o uso de antibióticos.
Em fevereiro de 2019 ficou 8 dias internada por saída de secreção purulenta e fezes por via vaginal, perda ponderal de 4 kg em 10 dias e hiporexia. Foi tratada com metronidazol e ciprofloxacino, fazendo apenas exames de sangue.
DISCUSSÃO
O quadro trata-se de Doença de Crohn com fístula perianal e retovaginal. A paciente teve doença fistulizante refratária ao tratamento clínico com Infliximabe e Azatioprina. Necessitou de tratamento cirúrgico com melhora.
Entre 50% a 80% dos pacientes com DC necessitarão de cirurgia em algum momento da evolução da doença, sendo os principais motivos estenoses sintomáticas, refratariedade ao tratamento clínico ou complicações com fístulas e doenças perianais .
O tratamento cirúrgico associado ao uso de terapia anti-TNF no tratamento de fístulas perianais simples, faz a cicatrização e evita novas fistulectomias, evidenciando-se assim, a abordagem multidisciplinar.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
Universidade Federal de Mato Grosso - Mato Grosso - Brasil
Autores
Rincler Souza, Jacqueline Marchi, Thalyta Serra