Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOMA DE COLON SIMULANDO TUMOR DE URACO

INTRODUÇÃO

O câncer de uraco tem incidência mundial de 0,01% e representa 0,34% dos tumores de bexiga. Acomete preferencialmente homens, brancos, entre a 5ª e 6ª década, sem relação clara com o tabagismo. Cerca de 90% são adenocarcinomas, com diferenciação e comportamento próximos ao epitélio intestinal, sendo diagnosticados em estágios avançados pela pobreza de sintomas. O objetivo desse estudo é relatar o caso atípico de uma paciente com carcinoma de úraco.

RELATO DE CASO

N.S.B., 43 anos, feminino, procurou o HSPE devido a quadro de dor tipo cólica recidivante em flancos, intensidade moderada, associada a três episódios de hematúria macroscópica iniciados há três meses, associado a perda de 16 kg. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, com dor a palpação de hipogástrio, sem sinais de peritonite. Presença de massa aderida em região hipogástrica com diâmetro aproximado de 10x10 cm. A ultrassonografia de abdome evidenciou volumosa massa heterogênea sólido-cística de contornos irregulares, ocupando toda região pélvica. Tomografia de abdome e ressonância, mostraram lesão expansiva sólida e heterogênea, anterior na cavidade pélvica, superior a bexiga urinária e anterior ao útero, medindo 10,6x9,8 x9,5 cm, sem nítidos planos de clivagem com a bexiga urinária, com a fáscia posterior do reto abdominal e com a serosa uterina anterior, e envolve ainda o cólon sigmoide e alças de delgado adjacentes. Colonoscopia evidenciou compressão extrínseca em sigmoide. Tomografia de tórax sem alterações. CEA, CA19.9 e CA 125 normais. A cistoscopia identificou lesão em cúpula vesical, com aspecto infiltrativo eritematoso. Durante a cirurgia, evidenciou-se infiltração da cúpula vesical, corpo uterino e cólon sigmoide. Realizada ressecção em bloco da cúpula vesical, histerectomia subtotal, salpingooforectomia bilateral e retossigmoidectomia. Após o procedimento, permaneceu 3 dias na UTI. Retorno ao transito intestinal no 8º dia, e alta hospitalar com sonda vesical no 10°PO, sendo retirada no 30ºPO. A anatomia patológica demonstrou adenoma tubular com displasia de baixo grau.

DISCUSSÃO

Recomenda-se para o diagnóstico a cistoscopia com biópsia, tomografia e ressonância magnética de abdome e pelve, somada a imagem do tórax, para exclusão de metástase pulmonar (Behrendt et al). O achado de calcificação do tumor, espessamento da bexiga ou massa heterogênea em topografia de úraco podem sugestionar o diagnóstico. Pode haver elevação do CA19.9, CA 125, CEA. Recomenda-se que pacientes com tumor infiltrativo, localizado em cúpula da bexiga associados a hematúria e classificados como adenocarcinoma, sejam conduzidos como neoplasia de úraco até biópsia. Nesse caso, o achado pré-maligno não permitiu estadiamento. O tratamento padrão é cirúrgico, com ressecção incluindo cúpula da bexiga, úraco e umbigo. A linfadenectomia não é consenso. Nesta paciente, não se optou pela linfadenectomia, com objetivo de preservar autonomia, reduzir o tempo cirúrgico e o prejuízo estético.

Área

UROLOGIA

Instituições

Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Adriana Cristina Vianna Alvarenga, Aline Vaz Borges, Nayara de Arruda Cáceres, Bruno Cesar Dias, Matheus Vieira Dos Santos, Gustavo Paiva, Julia Paula de Sant'anna Fabris, Fellipe Guilherme Mann