Dados do Trabalho


TÍTULO

DOR ABDOMINAL EM QUADRANTE SUPERIOR: UMA RARA MANIFESTAÇAO DE APENDICITE

INTRODUÇÃO

Devido às inúmeras apresentações do apêndice cecal, pacientes com apendicite podem manifestar quadros clínicos muito diferentes. A forma mais comum é a intraperitoneal (31-74%), e a que causa os sinais e sintomas clássicos da doença, sendo a dor em quadrante inferior direito, ou fossa ilíaca direita, um dos principais. Nos casos em que o apêndice se manifesta em região retrocecal (26-65%), pode-se apresentar com diferentes sintomas, levando o médico a ignorar a apendicite aguda como hipótese diagnostica do abdome agudo inflamatório, já que a dor no quadrante superior direito pode excluir o diagnóstico de apendicite e sugere principalmente colecistite, gastrite, úlcera duodenal e outras patologias do fígado ou da vesícula biliar.

RELATO DE CASO

Neste relato de caso, o paciente de 32 anos de idade, admitido no pronto-socorro com dor em quadrante superior direito há 7 dias, associado a náuseas e vômitos e febre, não teve como hipótese diagnóstica inicial a apendicite. Realizou-se uma ultrassonografia de abdome total, e a mesma veio sem alterações. Somente após ser submetido a uma tomografia computadorizada (TC) de abdome total, a qual revelou sinais de processo inflamatório agudo na fossa ilíaca/flanco direito, com espessamento do apêndice cecal (calibre 1,3cm), é que se formulou tal hipótese. Paciente foi tratado com apendicectomia, sendo encontrado no intra-operatório apêndice cecal com bloqueio, perfurado com fibrina e ausência de necrose, em região sub-hepática, evoluindo com complicação no pós-operatório de abscesso intra-abdominal, tratado inicialmente com antibioticoterapia, e após deterioração do quadro clínico foi novamente abordado para resolução do quadro.

DISCUSSÃO

O apêndice pode se localizar em várias posições, e a depender disso, a apendicite pode se manifestar com inúmeros quadros clínicos. Várias posições atípicas do apêndice foram descritas, tais como retrocecal (65,28%) pélvico (31%), subcecal (2,26%), peri-ileal (1%) e pós-ileal (0,4%). Raramente, o apêndice pode se manifestar em região sub-hepática. Sendo assim, é necessário uma investigação completa, incluindo história clínica, exames laboratoriais e de imagem. A ultrassonografia do abdome tem boa acurácia, principalmente nos exames verdadeiramente positivos, mas não exclui a hipótese diagnóstica em exames negativos. Isto por depender da posição do apêndice, além de ser examinador-dependente. Pode-se então lançar mão da tomografia computadorizada (TC), esta com enorme sensibilidade (76-100%) e especificidade (83-100%). Conclui-se, portanto, que esta enfermidade não deve ser excluída em casos de abdome agudo com sintomatologia atípica, lembrando-se das várias posições em que são possíveis se encontrar o apêndice cecal, e que, dentre exames de imagem, aquele com maior acurácia é a TC, inclusive indicado na apendicite aguda tardia para avaliar complicações.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Limeira - São Paulo - Brasil

Autores

Yuri Lacerda Costa, Karen Andressa Lima e Silva, Luisa Lamaita Pompei, Caio Túlio Vale Frazão, Ana Elisa Botta, Hugo Barros Vilela, Leonardo Rodrigues Fusco de Souza