TÍTULO

ABSCESSO ESPLENICO POR SALMONELLA SPP. EM PACIENTE COM ESQUISTOSSOMOSE

INTRODUÇÃO

Os abscessos do baço são incomuns e geralmente estão associados a doenças sistêmicas. Dentre os micro-organismos envolvidos, Salmonella spp. pode ser responsável por até 15% dos casos. Em indivíduos esquistossomóticos, a co-infecção de Salmonella spp. e Schistossoma spp. pode provocar bacteremia prolongada, chamada salmonelose septicêmica, entidade que pode manifestar-se como abscesso esplênico como no caso que apresentamos a seguir.

RELATO DE CASO

Mulher de 67 anos procurou o pronto-atendimento com queixa de dor abdominal, febre e perda ponderal de 10 kg em 3 meses. Referia ser portadora de esquistossomose. O exame físico apresentava baço palpável a 8 cm do rebordo costal direito e doloroso. O hemograma com anemia e leucocitose e testes de atividade inflamatória com valores elevados. TC de abdome e pelve mostrou esplenomegalia acentuada, com coleção intra-esplênica de 13,4 x 8,6 x 15,0 cm (916 mL); fígado ligeiramente reduzido com contornos pouco lobulados; e sinais de hipertensão portal.

Com base nos achados foram feitas as hipóteses diagnósticas esquistossomose hepatosplênica e abscesso esplênico. A paciente foi internada, colheram-se hemoculturas e foi introduzida antibioticoterapia empírica com ceftriaxone e metronidazol. Foi realizada drenagem percutânea do abscesso com retirada de 500 mL de material purulento. Hemoculturas foram negativas e cultura do material drenado demonstrou Salmonella spp. sensível a ceftriaxone. Não havendo melhora clínica, foi realizada nova drenagem percutânea. Persistindo o quadro foi indicado tratamento cirúrgico. Foi realizada esplenectomia, lavagem e drenagem da cavidade. Apresentou evolução desfavorável no pós-operatório com sepse e disfunção orgânica (LRA) complicada com TEP seguido de parada cardiorrespiratória e óbito.

DISCUSSÃO

Salmonelose septicêmica não é uma situação infrequente em pacientes com esquistossomose, o que os torna mais predispostos à ocorrência de abscesso esplênico por Salmonella spp. Como os sintomas são inespecíficos é um diagnóstico que deve sempre fazer parte do diferencial de queixas abdominais nesses doentes, permitindo intervenção terapêutica precoce e evitando complicações mais graves como no caso aqui apresentado.