Dados do Trabalho
TÍTULO
PANCREATITE BILIAR
INTRODUÇÃO
Primeiramente descrito por Opie, 1901, o mecanismo fisiopatológico da pancreatite biliar (PB) provém do refluxo biliopancreático (RBP) secundário à obstrução transitória da desembocadura do ducto colédoco e o de Wirsung ao nível da papila de Vater. Dentro da epidemiologia das pancreatites agudas cerca de 80% são biliares.
Uma das morbidades que leva ao desenvolvimente de PB é a Sindrome de Mirizzi (SM). Etiologia rara de icterícia obstrutiva benigna desencadeada por cálculo impactado cronicamente no ducto cístico. Possui incidência de aproximadamente 0,6% em pacientes que realizam colecistectomia por colelitíase. As apresentações da SM são inespecificas, o que dificulta seu diagnóstico pré-operatório. Os sintomas mais comuns incluem dor abdominal em QSD (92%) e icterícia (84,6%), podendo ainda incluir febre.
A concomitância dessas entidades levou ao presente relato de caso.
RELATO DE CASO
V.F.M., masculino, 45 anos, relatava dor em hipocôndrio direito (HD) desde o dia 07/01/19, a qual irradiava para o dorso, com piora progressiva e agravamento pós-prandial. No exame físico apresentava-se afebril, ictérico, com abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, dor referida à palpação de HD. Exames laboratoriais: GGT=627U/L, CPK=1.032U/L, TGO=208U/L e FFA=333U/L.
A ultrassonografia abdominal, do dia 26/01/19, apresentava sinais de lama biliar, sem acometimento pancreático, com presença de imagem hipoecogênica, móvel à manipulação do paciente, sem sombra acústica, localizada no infundíbulo vesicular, vias biliares de aspecto normal.
Foi solicitada uma tomografia computadorizada (TC) de abdome no dia 29/01/19, que evidenciou cálculo no infundíbulo com dilatação do ducto colédoco (8,5mm), caracterizando Síndrome de Mirizzi (SM). conseguir laudo de tc
A partir do resultado da colangioressonância, realizada dia 30/01/19, foi identificada discreta dilatação da árvore biliar intra e extra-hepáticas secundária a coledocolitíase distal intrapancreática. Associada a espessamento pancreático difuso com lâminas líquidas peripancreáticas não organizadas, sugerindo processo inflamatório agudo.
Foi indicada uma colecistectomia aberta, realizada no dia 31/01/19, na qual diagnosticou-se uma SM grau I associada à colelitiase. O paciente cursou com bom estado geral e sem queixas, com posterior alta hospitalar.
DISCUSSÃO
O cálculo presente no infundíbulo vesical, identificado no dia 26/01/19, ainda não acarretava alterações das vias biliares ou pâncreas. No dia de realização da TC, 30/01/19, já haviam alterações ductais e pancreáticas, levando a crer que o cálculo foi mobilizado neste tempo, com subsequente obstrução transitória ao nível da papila de Vater. Associando o achado da SM com a PB.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Universidade Federal do Tocantins - Tocantins - Brasil
Autores
Henrique Santana, Palloma Bezerra, Júlia Coelho, Guilherme Ribeiro, Caroline Puzi, Amanda Ribeiro, Leticia Reis, Bruno Sousa