Dados do Trabalho


TÍTULO

PERFURAÇÃO POR ARMA DE FOGO EM TÓRAX CABE CONDUTA EXPECTANTE? RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA

INTRODUÇÃO

Lesões torácicas são responsáveis por 20% das mortes oriundas de trauma, dentre as quais as lesões mediastinais são associadas a alta mortalidade. Há quadros que determinam intervenção cirúrgica imediata, como: alargamento do mediastino e hipotensão acentuada, além da hemorragia mediastinal, que sugere lesão vascular. Diagnosticar e tratar precocemente algumas destas lesões pode ser primordial para a sobrevida do paciente.

RELATO DE CASO

F.M.O, masculino, 37 anos, admitido no pronto socorro de um serviço público no Distrito Federal, com perfurações por arma de fogo (PAF), sendo duas em região posterior do tórax em nível supra escapular e uma em região sacral, ambas sem orifício de saída. À admissão, não foi recebido em protocolo de trauma, apresentava-se torporoso, confuso, hipocorado, extremidades frias e com os seguintes parâmetros: saturação em ar ambiente de 96%, frequência cardíaca de 105 bpm, pressão arterial 53/32 mmHg. Realizado infusão de 2l de ringer lactato, sem alteração hemodinâmica. Imagens de radiografia e tomografia de tórax e abdome evidenciaram alargamento discreto do mediastino em altura dos vasos da base. Um dos projéteis de parede posterior estava alojado em tecido subcutâneo (trajeto paralelo a escápula) e outro adentrou cavidade torácica e estava localizado em topografia de grandes vasos. O projétil de região dorsal se alojou próximo a asa de Ilíaco, sem adentrar pelve. À toracotomia via esternal foi evidenciado hematoma moderado em mediastino anterior e lesão proximal da parede anterior da veia braquiocefálica esquerda de aproximadamente 4 centímetros, com projétil tamponando fluxo sanguíneo. Ao longo do ato cirúrgico o paciente manteve quadro hipotensivo (PA 70X40 mmHg), revertido após correção de lesão vascular, recebendo três concentrados de hemácias e um de plasma fresco, sem necessidade de drogas vasoativas. Permaneceu em unidade de cuidados intensivos, estável hemodinamicamente, sendo extubado em menos de 24 horas, com baixo débito de secreção serossanguinolenta em dreno torácico.

DISCUSSÃO

A literatura atual preconiza que pacientes com trauma penetrante por arma de fogo, mesmo que clinicamente estáveis, devem ser encaminhados a tratamento cirúrgico imediatamente. O uso da tomografia, apesar de contribuir para um diagnóstico e intervenção mais precisos, permanece controverso como exame de rotina em trauma torácico, tendo em vista o risco de evolução súbita para choque desses pacientes. No caso relatado, a escolha da equipe por conduta expectante foi feita pela logística do hospital, já que o setor de radiologia se encontrava no caminho para o centro cirúrgico. Nesse caso, a tomografia facilitou a escolha pela melhor abordagem cirúrgica. O relato apresentado demonstra a importância da atuação conjunta da equipe de profissionais dos serviços em trauma e da necessidade da abordagem cirúrgica de urgência, evidenciando que um exame complementar de imagem pode indicar o plano de ação do ato cirúrgico.

Área

TRAUMA

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

José Donato de Sousa Netto, Daniel Gontijo Sousa Silva, Renata Pereira Fontoura, Fernanda Maria Afonso Ferreira Madeira, Gustavo Alves Araujo Ferreira, Yasmin Abreu Soares de Souza Pimentel, Jéssica Barbosa de Oliveira, Janduí Gomes Abreu Filho