TÍTULO

IMPORTANCIA DA MEDIASTINOTOMIA PARAESTERNAL NO DIAGNOSTICO DE TUMOR MEDIASTINAL: RELATO DE CASO ATIPICO DE UM SEMINOMA MEDIASTINAL PRIMARIO

INTRODUÇÃO

Os tumores de células germinativas primários do mediastino (TCGM) constituem neoplasias incomuns, com correspondência entre 10% a 20% de todas as neoplasias mediastinais. Entre eles, o seminoma mediastinal extragonadal, de incidência extremamente rara, ocorre devido à transformação maligna de elementos germinativos sem evidência de um foco gonadal primário. Clinicamente, é caracterizado por manifestações relacionadas com as dimensões do tumor, variando desde casos assintomáticos ou oligossintomáticos, até manifestações agudas e ameaçadoras à vida, como síndrome de veia cava superior. A mediastinotomia anterior consiste em uma abordagem cirúrgica do mediastino através de incisão paraesternal no 2o ou 3o espaço intercostal (EIC), objetivando abordagem de massas mediastinais anteriores e realização de biópsia incisional, além de permitir o acesso a linfonodos mediastinais anteriores e da janela aortopulmonar, locais comuns de metástases de cânceres em lobo pulmonar superior esquerdo.

RELATO DE CASO

Paciente, masculino, 39 anos, comerciante, com história de dor torácica mal definida, associada à perda ponderal de 5Kg nos últimos meses, sem alteração no apetite. Negou sintomas respiratórios como dispneia e tosse. Referiu ter notado inicialmente abaulamento em região precordial que, ao exame, se mostrou como protrusão paraesternal esquerda ao nível de 3o EIC, não doloroso ao toque. Paciente foi submetido a exame radiográfico que evidenciou alargamento de mediastino e apagamento de silhueta cardíaca esquerda. Tomografia de tórax revelou gigantesca massa bem delimitada, em compartimento mediastinal anterior, com dimensões 12 cm x 11 cm x 9 cm e ausência de invasão a estruturas adjacentes. Foi submetido estrategicamente à mediastinotomia paraesternal a esquerda como abordagem cirúrgica que visou biópsia da massa. O resultado do histopatológico foi compatível com seminoma, posteriormente confirmado pela imunohistoquimica. Dosagem sérica de alfa-fetoproteína e beta-HCG se mostraram dentro da normalidade. Exame de palpação e ultrassonografia de bolsa escrotal sem alterações estruturais em testículos.

DISCUSSÃO

Os seminomas ocorrem preferencialmente em homens jovens, faixa etária de 15 a 35 anos, sendo a localização extragonadal extremamente rara, com acometimento de mediastino representando 1% a 3% de todos os tumores. Estudos moleculares indicam que estes representam entidade distinta e separada dos seminomas gonadais, mais frequentes, com grande sensibilidade à quimioterapia e radioterapia associadas. Em termos de prognóstico, a depender do estadio, possui cerca de 90% de sobrevida em 5 anos. A mediastinotomia invariavelmente se apresenta como excelente estratégia diagnóstica cirúrgica para coleta de amostras tumorais no intuito de estabelecer um diagnóstico histopatológico. Tem como vantagem sobre a pleuroscopia o fato de ser realizado sob anestesia local, com ou sem sedoanalgesia sistêmica, sem necessidade de equipamento endoscópicos.