Dados do Trabalho
TÍTULO
FERIMENTO POR ARMA DE FOGO EM TOPOGRAFIA CERVICAL SUPERIOR COM DESFECHO POSITIVO
INTRODUÇÃO
O trauma cervical acomete de forma significativa três grandes sistemas: aerodigestivo, neurovascular e músculo-esquelético.1-3 Em virtude do elevado número de estruturas acomodadas neste pequeno espaço, a alta probabilidade de lesão pré-traumática e complicações pós-cirúrgicas evidencia-se a relevância do caso relatado, no qual houve a necessidade de remoção de projétil alojado em região cervical.
RELATO DE CASO
Paciente do gênero masculino, 21 anos, admitido no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco – HUERB/Acre com três ferimentos por arma de fogo (FAF): ombro direito, membro superior esquerdo e região cervical. Na admissão, mostrou-se alerta e consciente; sem dificuldade de fala; eupneico; hemodinamicamente estável; com ausência de alterações neurológicas. O exame físico revelou ferimento penetrante sem orifício de saída em região cervical (zona II) e superficiais nas demais áreas. Exame do pescoço: ausência de lesões vasculares, traqueia e esôfago; pulsos carotídeos presentes, cheios e rítmicos. O paciente queixava-se de dor cervical e intensa disfagia. A tomografia computadorizada (TC) de região cervical evidenciou projétil alojado entre orofaringe e corpos vertebrais de C1 e C2, sem fratura ou acometimento do canal medular. Após a cervicotomia exploradora, ocorreu evolução favorável no pós-operatório (PO), com dieta oral no 2º dia PO e alta hospitalar no 5º dia PO, aceitando bem a dieta e sem queixas.
DISCUSSÃO
Ao considerar a situação clínica do paciente (hemodinamicamente estável e sintomático) optou-se por fazer TC de região cervical. Este exame evidenciou a localização do projétil, ausência de fraturas ou acometimento do canal medular. Também confirmou a ausência de lesões aerodigestivas, porém o paciente apresentava desconforto cervical e possibilidade de formação de fístula. Segundo o algoritmo para manejo de pacientes por FAF, a presença de fístula é considerada um sinal grave e o paciente deve ser referenciado o quando antes para abordagem cirúrgica.4
O exame também evidenciou projétil alojado em zona II. Incidências nesta zona cursam com exploração cirúrgica obrigatória em pacientes estáveis e sintomáticos.5 Embora, as abordagens nessa zona apresentem altas taxas de insucesso (19%).6
Além desses parâmetros, levou-se em consideração os sintomas relatados pelo paciente, como disfagia e dor em região cervical, e sua qualidade de vida.
Sendo assim, diante da área de acomodação do projétil, possibilidade de fistular e pelo quadro clínico do paciente optou-se cervicotomia exploratória.
O manejo do trauma cervical é desafiador pela intensa vascularização da área, podendo haver complicações pelo trauma direto ou durante o procedimento de retirada do projétil.7
A importância do relato se deve ao fato da ausência de lesões pré-traumáticas devido penetração do projetil em zona II e o sucesso pós-cirúrgico sem sequelas para o paciente, diante do elevado grau de insucesso e da impossibilidade da realização de exames mais específicos.
Área
TRAUMA
Instituições
Universidade Federal do Acre - Acre - Brasil
Autores
Layane Balbino, Ana Clara Soares, Feliph Souza, Talita Trancoso, Henry Jesus Alex Laulate, Marco Antônio Guedes, Hércules Carmo, Danilo Souza