TÍTULO

DIVERTICULITE COMPLICADA COM ABSCESSO E PNEUMORETROPERITONIO

INTRODUÇÃO

A doença diverticular é um comum problema que afeta o cólon. O quadro clínico se apresenta com herniações saculares de quantidades variáveis, geralmente assintomáticas.1 Com o aparecimento dos sintomas ganha a denominação de doenção diverticular.2 Esta quando complicada, passa a se chamar de diverticulite. As suas complicações geralmente cursam com intercorrências em região intraperitoneal, mas em casos raros pode afetar a porção extraperitoneal.3

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 69 anos, admitida no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco – HUERB/Acre com histórico de dor tóraco-abdominal associada à distensão abdominal, parada de eliminação de flatos e fezes (intermitente há um mês), dispneia, febre e disúria. Ao exame físico, encontrava-se em regular estado geral; lúcida e orientada em tempo e espaço; eupneica; abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, com defesa abdominal em fossa ilíaca esquerda e hipogástrio. Na tomografia computadorizada (TC) de abdome evidenciou pneumoretroperitônio, antes com suspeita de abdome agudo perfurativo. Após 6 horas de internação, foi submetida à laparotomia exploratória, retosigmoidectomia (aproximadamente 15 cm) e colostomia terminal. No intra-operatório foi identificado divertículos colônicos, área espessada e hiperemiada em transição retossigmoide, abscesso bloqueado; presença de enfisema em retroperitônio, estendendo-se até a proximidade do pâncreas; sendo diagnosticada com um quadro de diverticulite. Paciente teve evolução favorável, sem intercorrências no peri e pós-operatório (PO). No 9° dia do PO, recebeu alta hospitalar apresentando bom estado geral, com funções fisiológicas presentes e demais sistemas em pleno funcionamento, sem queixas.

DISCUSSÃO

Abscessos perfurados localizados em região retroperitoniais são descritos na literatura como sendo raros e com alta taxa de mortalidade devido à dificuldade diagnóstica.4
O método diagnóstico padrão-ouro para identificar essa condição é a TC, sendo este o exame realizado pela paciente do caso. Este exame tem como vantagem ser pouco invasivo, permitir imagens transversais, apresentar rapidez e ser de fácil disponibilidade.5,6
O extravasamento de ar intraluminal pode ocorrer por gradiente de ar entre o órgão perfurado com o peristaltismo persistente e os tecidos subcutâneos ou por infecção bacteriana formadora de gás (Proteus, Escherichia coli, Enterobacter aerogenes, Esporogênios de Clostridium e Klebsiella).7-9
A drenagem desse ar segue para regiões como quadris, nádegas, coxas, extremidades inferiores ou para o espaço retroperitoneal do abdome, dissecando-se ao longo dos planos anatômicos. 10
A importância do relato se deve ao fato de descrever uma rara complicação de diverticulite e do sucesso pós-cirúrgico sem sequelas para a paciente, diante do elevado grau de mortalidade da doença em virtude da dificuldade diagnóstica.

Área

TRAUMA