Dados do Trabalho
TÍTULO
UM RARO CASO DE CISTO MESENTERICO DERMOIDE (CMD) GIGANTE IMITANDO CISTO OVARIANO
INTRODUÇÃO
Cisto mesentérico (CM) é um tumor raro – há menos de 1000 casos na literatura. O CM gigante é ainda mais atípico. Define-se CM como lesão de conteúdo líquido, de qualquer origem patológica, situada entre as 2 camadas do mesentério. Dentre os tumores mesentéricos, o cisto dermoide (CD) é o mais raro – apenas 34 casos de CMD encontrados na base de dados PubMed. CD é um tipo especial de teratoma, composto por tecido dos 3 folhetos embrionários, mas com predominância de origem epitelial. A apresentação em adultos é extremamente incomum, assim como a ocorrência fora das regiões gonadais e pré-sacrais. Lesões pélvicas císticas em mulheres são comuns, mas a maioria é semelhante aos exames de imagem, dificultando o diagnóstico diferencial. Aqui visa-se relatar o caso de CMD gigante imitando cisto ovariano, em mulher adulta.
RELATO DE CASO
Mulher 44 anos, relatou dor abdominal, dispareunia e sinusorragia há 5 anos. Ao exame físico: dor à palpação em fossa ilíaca direita e massa palpável em todo o abdome. USG de abdome total revelou volumosa massa retroperitoneal, de margens regulares bem definidas. À TC, volumosa formação cística hipodensa em região anexial direita, de 21 x 21,4 x 17,1cm compatível com cisto simples. A hipótese de cisto ovariano foi conduzida com laparotomia exploradora. Durante ato cirúrgico, observaram-se ovários íntegros e grande massa cística mesentérica, isolada de estruturas anexiais. Foi feita ressecção completa. Biópsia revelou cisto dermoide. Paciente recebeu alta após 4 dias em boas condições.
DISCUSSÃO
Na embriogênese, células germinativas migram do saco vitelínico para as gônadas pelo mesentério do intestino posterior e, teoricamente, células totipotentes podem ser sequestradas ao longo do trajeto, explicando a origem congênita do CMD. Os adquiridos, advém da implantação de células epiteliais na cavidade peritoneal após trauma/cirurgia intra-abdominal. Pode ocorrer em qualquer local do mesentério, mais comumente no íleo. A clínica é variável e até 40% podem ser assintomáticos. Pode apresentar-se como dor abdominal vaga, sensação de massa ou distensão abdominal. A massa pode ser palpada em 61% dos casos. USG é um bom exame inicial, mas a TC é primordial para avaliar tamanho, origem da massa e relações anatômicas. Porém, grandes massas, a não visualização do ovário isolado e a inexistência de achados específicos do CMD dificultam o diagnóstico clínico-imaginológico. Assim, ele só é provado no intraoperatório e deve ser confirmado histologicamente. O tratamento é sempre cirúrgico, dada a possibilidade de complicação como malignização, infecção, ruptura e compressão adjacente. É feita excisão completa por laparotomia ou videolaparoscopia, considerada curativa. O CMD é de difícil diagnóstico – pela baixa incidência e quadro clínico e achados de imagem inespecíficos, mas passível de cura. Assim, deve ser um diagnóstico diferencial de dor e massa abdominais, a fim de detectá-lo ainda sem complicações, sendo essenciais anamnese e exame físico criteriosos.
Área
MISCELÂNEA
Instituições
Pontifícia Universidade Católica de Goiás - Goiás - Brasil
Autores
Bárbara Alves Campos Ferreira, Eduardo Augusto Borges Primo, Luísa Freire Barcelos, Geovana Thees Perillo Rodrigues, Melissa Giovanucci, Juliano Servato, Mateus Silva Cândido, Wilson Gomes de Azara