Dados do Trabalho


TÍTULO

COLECISTITE AGUDA ENFISEMATOSA ASSOCIADA A PNEUMOBILIA

INTRODUÇÃO

A colecistite aguda enfisematosa é um quadro pouco frequente, infeccioso da vesícula biliar, decorrente de microrganismos produtores de gases, caracterizada pela presença de ar na parede, no lúmen ou nos tecidos subjacentes a ela. Neste trabalho relatamos o caso de um paciente com colecistite aguda enfisematosa associada a pneumobilia atendido no IAMSPE, tratada com sucesso. São descritas as condutas tomadas, as complicações e a evolução do paciente.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 64 anos, admitido no PS por dor em cólica em quadrante superior do abdome há 2 dias, intensa e sem irradiação, não associada à náuseas ou febre. História prévia de litíase biliar há 1 ano, diagnosticada por USG após cólica biliar.
O exame físico era normal. Em exames laboratoriais, observou-se aumento de bilirrubinas, GGT, leucócitos e PCR. O USG de abdome exibiu focos hiperecogênicos em topografia da tríade portal. Solicitada TC de abdome, com a presença de gás em vias biliares e na vesícula biliar; vesícula distendida, com paredes finas, e com gás no seu interior.
Foi introduzido Ceftriaxone e Metronidazol. 12 horas após a internação observou-se a elevação das enzimas hepáticas e canaliculares, além de aumento importante de bilirrubinas. Seguiu-se com a realização de colecistectomia laparoscópica. A vesícula biliar apresentava paredes espessadas e necróticas com aderências de epíplons; infundíbulo comprimindo a via biliar principal, sem fístulas.
Paciente evoluiu estável, porém com icterícia e aumento de bilirrubina. Realizada nova TC no 4o PO, que evidenciou trombose de ramo portal; sem aerobilia.
Foi iniciada anticoagulação plena. Recebeu alta anictérico; manteve uso de Varfarina por 3 meses e não apresentou novas intercorrências.

DISCUSSÃO

A colecistite aguda enfisematosa (CAE) é uma infecção rara da vesícula biliar, com maior número de casos relatados atualmente devido a melhora nos métodos diagnósticos. Representa 1-3% de todas as colecistites, geralmente em pacientes masculino entre 50-70 anos, que apresentam diabetes ou doença vascular. A mortalidade é mais elevada do que outras formas de colecistite; por este motivo deve ser reconhecida pela equipe e tratada precocemente.
É caracterizada pela presença de ar produzido por fermentação bacteriana, na parede, no lúmen vesicular ou nos tecidos subjacentes, devido à infecção secundária por bactérias produtoras de gás, como E. coli, Estreptococos anaeróbios, Klebsiella, Pseudomonas, Bacteroides frágiles e Clostridium Welchii. Radiologicamente, o gás pode estar localizado na luz ou parede da vesícula, ou mais raramente associada a pneumobilia. Esta situação é a mais rara, e leva à dúvida diagnóstica, pois poderia ser secundária à fistulas.
A CAE apresenta frequência 30 vezes maior para gangrena e 5 vezes para perfuração. Além disso, os pacientes geralmente não manifestam sinais de gravidade, podendo apresentar rápida evolução para sepse. É importante o tratamento baseado em antibioticoterapia e cirurgia o mais breve possível.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

IAMSPE/ BP SP - São Paulo - Brasil

Autores

Amanda Martins Charneca, Jose Francisco Mattos Farah, Anna Elisa Nobrega de Souza, Mariana Marques Calsavara, Mayara de Silos Barne