Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE MIRIZZI TIPO V COM COLEDOCOLITIASE - EXPLORAÇAO LAPAROSCOPICA DE VIAS BILIARES E COLECISTECTOMIA

INTRODUÇÃO

Síndrome de Mirizzi é uma complicação rara de colecistite aguda ou colecistite crônica calculosa, secundária à obliteração do infundíbulo da vesícula biliar ou ducto cístico provocando compressão extrínseca do ducto biliar adjacente, resultando em obstrução parcial ou completa do ducto hepático comum. A impactação persistente e a resposta inflamatória crônica podem levar a necrose, fibrose e fístula.

DESCRIÇÃO DO VÍDEO

Paciente do sexo feminino de 63 anos com quadro de icterícia, colúria e acolia fecal, associado a dor em HCD e febre. Antecedentes: 3 IAM prévios com revascularização miocárdica; ex-tabagista 45 anos/maço, hipertensa e dislipidêmica. Exame físico: icterícia 2+/4+, sem alteração de sinais vitais e sem dor ao exame abdominal. Exames laboratoriais: elevação de enzimas canaliculares e transaminases bem como aumento de bilirrubinas às custas de direta. Colangiorressonância: moderada dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas, onde observa-se um cálculo; Vesícula biliar pouco distendida e com contornos lobulados; Ducto cístico dilatado, notando-se trajeto fistuloso associado a pequena coleção com paredes espessadas e com realce tardio pelo contraste, localizada entre a vesícula e a 1ª porção do duodeno. Indicada exploração laparoscópica de vias biliares e colecistectomia. Observado intenso bloqueio do hipocôndrio direito, com duodeno aderido ao lobo direito do fígado, aderências firmes no entorno da vesícula e entre a vesícula e colédoco; Vesícula biliar retraída escleroatrófica; Presença de Síndrome de Mirizzi tipo V com fístula do cístico para o duodeno. Dissecada de área infundíbulo com janela posterior ampla da vesícula, dissecção do colédoco distal até sua porção pancreática. Colangiografia intra-operatória: não houve escoamento de bile para duodeno com imagem negativa em colédoco distal. Coledocotomia em colédoco distal e retirada de cálculo de 3 cm com pinça de Randall. Colangiografia pós-retirada de cálculo com bom escoamento de contraste, vias biliares intra-hepáticas contrastadas e duodeno contrastado sem imagens negativas. Realizada colecistectomia, posicionado dreno de Kehr e drenagem do leito da vesícula e coledocotomia com dreno JP. Paciente apresentou boa evolução no pós-operatório. Nova colangiografia pelo dreno de Kehr sem evidência de dilatação de vias biliares. Recebeu alta com dreno fechado, sendo o mesmo retirado 21 dias após.

CONCLUSÃO

Muitos cirurgiões afirmam que a colecistectomia laparoscópica é contraindicada na síndrome de Mirizzi devido a presença de tecido inflamatório e aderências no triângulo de Calot, havendo possibilidade de lesões desnecessárias no ducto biliar. Outros cirurgiões consideram que a abordagem laparoscópica é viável, embora tecnicamente desafiadora. Atualmente, a colecistectomia laparoscópica para essa condição é considerada controversa e tecnicamente desafiadora. Entretanto, mostrou-se que, com as habilidades e equipamentos certos, é uma maneira segura e viável de tratar alguns casos de Síndrome de Mirizzi.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

MARCIA HARUMI YAMAZUMI, GUILHERME PASQUINI CAVASSIN, ADILSON COSTA RODRIGUES, CELSO OLIVEIRA BERNINI, MASAHIKO AKAMINE, EDIVALDO MASSAZO UTIYAMA