Dados do Trabalho


TÍTULO

ASCITE QUILOSA EM POS OPERATORIO TARDIO DE BYPASS GASTRICO

INTRODUÇÃO

Ascite quilosa (AQ), também denominada quiloperitôneo é a presença de líquido quiloso na cavidade abdominal. É uma patologia incomum (0,005% dos paciente internados em hospitais). Dois terços dos casos em geral estão relacionados a neoplasias (em especial, linfoma), tuberculose peritoneal ou cirrose hepática. Macroscopicamente, AQ aparenta líquido leitoso, geralmente com níveis de triglicérides de 2 a 8 vezes o nível sérico. Os principais mecanismos associados a AQ são: obstrução linfática principalmente por neoplasias, com extravasamento de linfa; exsudação da linfa através de vasos retroperitoneais dilatados; obstrução iatrogênica ou traumática do ducto torácico seguido de extravasamento do quilo por meio de fístula para cavidade abdominal. AQ secundária a procedimentos cirúrgicos ou trauma abdominal em geral é precoce (primeira semana), no entanto, aderências ou compressão extrínseca de linfáticos ocasiona manifestação tardia, em geral, documentada meses após o procedimento inicial.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 37 anos, comparece ao serviço de urgência do Hospital Santa Casa de Montes Claros - MG com quadro de dor abdominal intensa há 8 horas da admissão, vômitos, sem outros sintomas associados. Apresentava irritação abdominal difusa ao exame físico. Há 4 anos, realizara bypass gástrico em Y de Roux por videolaparoscopia para tratamento de obesidade. Tomografia de abdome evidenciava espessamento e sinais de torção do mesentério, além de líquido livre em cavidade abdominal. Foi submetido a laparotomia exploradora. Inventário da cavidade: presença de líquido livre de aspecto quiloso em cavidade, alça alimentar rodada devido aderências, não foi detectada Hérnia de Petersen. Desfeitas aderências, aspirada cavidade, colhido líquido para estudo, não detectado local de vazamento ativo de quilo, realizada apendicectomia. Análise do líquido abdominal: Triglicerídes: 1045 mg/dl; LDH: 686 mg/dl; 300 leucócitos/mm³ com 100% de mononucleares. Paciente com boa evolução em leito de enfermaria, recebendo alta hospitalar no 3º dia pós operatório. Sem sintomas 15 dias após o procedimento.

DISCUSSÃO

Quiloperitôneo é uma patologia rara, porém deve ser considerada nos quadros de dor abdominal em pacientes com pós operatório de cirurgia abdominal, ou com história de trauma abdominal operado ou não. A avaliação do líquido ascítico é importante, uma vez que há quadros que simulam aspecto quiloso no líquido ascítico, como pus (ascite pseudoquilosa), ou degeneração gordurosa de células neoplásicas (ascite "quiliiforme"). Somente com definição da etiologia do quiloperitôneo é possível que se realize o tratamento direcionado. O tratamento de causas cirúrgicas ou traumáticas da AQ pode envolver a ligadura dos coletores linfáticos no nível dos pilares diafragmáticos ou do ducto torácico, ou esclerose de vasos linfáticos caso não se encontre ponto específico de vazamento. A administração de óleo mineral por sonda no intraoperatório pode ajudar a localizar região de vazamento do quilo.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

SANTA CASA DE MONTES CLAROS - Minas Gerais - Brasil

Autores

Pedro Henrique Batista Pereira, Matheus Veloso Santiago, Isabela Veloso Santiago de Oliveira, Jefferson Matos de Menezes, Mateus Rocha Lopes, Rafael Turano Mota