Dados do Trabalho


TÍTULO

COMPLICAÇOES POS-CPRE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As complicações da Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) são motivos de grande preocupação para o cirurgião, visto que esta visa ser uma alternativa menos danosa ao paciente. Entretanto, complicações associadas a essa prática, como pancreatite aguda, hemorragia, infecção, perfuração e complicações cardiorrespiratórias, ocorrem em 10% dos casos. Essas complicações podem aumentar caso o procedimento seja terapêutico. A CPRE é realizada através da injeção de contraste pela papila duodenal para observação das vias biliares por fluoroscopia. A técnica permite diagnosticar e, até mesmo, tratar as anormalidades das vias biliares.

RELATO DE CASO

Paciente, sexo feminino, 33 anos, com histórico de colecistectomia laparotômica há 7 meses devido a colelitíase, mantendo dreno com bolsa de Karaya. Após colangiografia, constatou-se cálculo residual em terço distal do colédoco e estenose ao nível de implantação de sonda transcoledociana. Decorridos 5 meses, foi realizado CPRE, com papilotomia ampla e retirada de sonda, além de passagem de prótese biliar. Foi submetida a outra CPRE para retirada da prótese após 4 meses, sendo necessário extração de novo microcálculo em colédoco com balão extrator sob três tentativas. Paciente evoluiu, no pós-CPRE, com pancreatite e sinais topográficos de colangite em TC de abdome, bem como trombose de ramos direitos da veia porta e abcesso hepático, formando nível hidroaéreo, de localização subescapular, junto com os segmentos hepáticos VI, VII e VIII. Foi submetida à drenagem do abcesso hepático guiada por USG, com saída de secreção purulenta. A conduta realizada incluiu suporte clínico, enoxaparina, meropenem, vancomicina e metronidazol. Paciente atualmente estável e sem queixas.

DISCUSSÃO

A incidência de pancreatite aguda pós-CPRE (comumente gerada pela injeção de contraste) varia de 1,6-5,4% e, quando relacionada ao procedimento diagnóstico ou terapêutico, é a mais temida. A ocorrência de maior mortalidade é atribuída às complicações infecciosas decorrentes da manipulação da região peripancreática. Algumas medidas estão sendo tomadas com o intuito de prevenir a pancreatite: administração de drogas (somatostatina, gabexato, diclofenaco), colocação de stents de pequeno diâmetro, entre outras. Outras complicações podem ocorrer, porém com menos prevalência, como infecções, hemorragia e perfuração. Nas infecções, pode-se citar o abscesso hepático, causado pelo desenvolvimento de coleção purulenta intra-hepática secundária à reação celular inflamatória local por infecção de bactérias no parênquima hepático. Os principais sintomas são dor abdominal, mais pronunciada no hipocôndrio direito, febre e hepatomegalia. A mortalidade pode variar de 5,6-80%, podendo ser reduzida pelo uso efetivo de antibióticos e melhoria dos meios diagnósticos com a introdução da USG e TC. Além disso, o desenvolvimento da radiologia intervencionista, com drenagem guiada e cirurgia minimamente invasiva, tem contribuído para o aumento da sobrevida desses pacientes.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil

Autores

Pedro Paulo Matos, Beatriz Vinhaes dos Reis, João Rafael Alencar de Sousa , Louise Habka Cariello, Ana Carolina Sales Jreige, Gabriel Rodrigues Cardoso, Weber Alves da Costa Azevedo , Sergio Hitoshi Miyazaki