Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DOMICILIADA CRONICA MULTIFATORIAL POR MIOMA UTERINO VOLUMOSO E OBESIDADE

INTRODUÇÃO

As hérnias ventrais acometem aproximadamente 5% da população. Destes, a maioria, 75%, trata-se de hérnias inguinais. As hérnias epigástricas e umbilicais são calculadas em 10% das hérnias de parede abdominal. A hérnia epigástrica é considerada doença congênita por falhas de formação da linha alba, se manifesta com mais propriedade na idade adulta em muitos casos associados a aumento da pressão intra-abdominal e correlacionadas com a piora da qualidade de vida dos nossos pacientes.
Como causas de aumento da pressão intra-abdominal temos lesões intracavitárias benignas que causam efeito de massa. Uma dessas lesões são os leiomiomas, tumores benignos do miométrio presentes em até 40% das mulheres. Podem cursar com dor, sensação de pressão e menorragia.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 46 anos, branca, obesa, atendida no Hospital Heliópolis devido queixa de dor abdominal decorrente de abaulamento com aumento de volume progressivo nos últimos 4 anos. Politransfundida devido a anemia sintomática e menometrorragia.
Ao exame físico observava-se hérnia epigástrica gigante com discreta ulceração em pele, conteúdo domiciliado, sem sinais de encarceramento ou estrangulamento.
Tomografia de abdome e pelve: hérnia epigástrica de colo de 7,5 x 5,5 cm contendo alças de delgado, cólon e ascite, além de útero aumentado atingindo a região epigástrica, caracterizando um "segundo abdome".
Optou-se por realizar a histerectomia e hernioplastia em um ou mais tempos cirúrgicos a depender da complacência da parede abdominal.
No ato cirúrgico foi feita incisão em cunha com ressecção do saco herniário, lise de bridas, seguida de histerectomia abdominal total, apendicectomia e colecistectomia táticas, seguidas de redução do conteúdo herniário. Aproximamos a parede abdominal sem tensão, sutura da aponeurose, colocada tela de polipropileno onlay, e dermolipectomia.
Exame anatomopatológico: útero de 21,0x19,0x12,0 cm de peso 6,5 Kg, microscopia evidenciou leiomiomas intramurais e subserosos, ausência de processo malignos.
Paciente evoluiu bem em uso de cinta abdominal. Não apresentou infecção de ferida operatória ou da prótese. Mantém sem sinais de recidiva.

DISCUSSÃO

Dessa forma, foi possível o tratamento de ambas patologias da paciente, tanto da parede abdominal quanto ginecológica.
De acordo com a literatura deve-se preparar o paciente com quadros de hérnias volumosas que cursam com "segundo abdome" para evitar complicações no pós-operatório. Compensar clinicamente as patologias de base, além de preparar o espaço intracavitário que irá receber o conteúdo herniário após a cirurgia, seja com incisões relaxadoras durante o ato operatório, toxina botulínica na musculatura da parede abdominal, pneumoperitôneo progressivo, ou até colectomia parcial, como já foi relatado na literatura.
Nesse caso apresentamos a particularidade do espaço na cavidade abdominal estar preservado devido a uma patologia benigna, a qual foi tratada simultaneamente ao tratamento da hérnia epigástrica.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

hospital heliópolis - São Paulo - Brasil

Autores

Paula Toledo Almeida, Wendy Nataly Calvimontes Vargas, Rodrigo Leonardo Passos Carvalho Bahia Sapucaia, Rodolfo Damian Machado, Sara Penteado Pinheiro Silveira, Barbara Mançor Lacerda Silva, Giovana Rasera Ambrosano, Bernardo Fontel Pompeu