Dados do Trabalho
TÍTULO
TUMOR DESMOIDE RECIDIVADO CINCO VEZES: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Fibromatose do tipo desmoide ou tumor desmoide é a designação a neoplasias benignas advindas do tecido conjuntivo. Tratam-se de tumores raros (com incidência de 1 para cada 2 a 4 milhões), benignos e, portanto, sem potencial metastático, embora sejam localmente invasivos e possuam alto índice de recorrência (20 a 77%).
RELATO DE CASO
C.N.C, sexo feminino, 39 anos, apresentou quadro de dor abdominal constante, difusa, de caráter pulsátil, associada a presença de massa em flanco D e FID de início há 5 anos e piora nos últimos 8 meses. Como história prévia, a paciente já havia sido submetida a cinco ressecções prévias de tumor desmóide em parede abdominal. Foi feita então uma tomografia de abdome que mostrou uma massa no ventre do músculo reto abdominal D no nível da cicatriz umbilical, com contornos regulares e realce heterogêneo medindo 75x55x27mm, e outra menor semelhante em parede paramediana anterior esquerda do epigástrio, sem invasão de estruturas adjacentes. Foi realizada a exérese das tumorações e reconstrução da parede abdominal com dupla tela de poliéster e polipropileno de 30x20cm, em ponte fixada em reparos ósseos, sem intercorrências. Paciente apresentou boa evolução, com alta no 5º DPO. Anatomopatológico confirmou fibromatose do tipo desmóide comprometendo extensamente tecidos fibroadiposo e muscular esquelético e liso, além de todos os segmentos de parede abdominal direita e esquerda e nódulos peritoneais, assim como as margens da peça. Paciente segue hoje em acompanhamento com os serviços de cirurgia geral e oncologia, recebendo terapia complementar com AINE e realizando exames de imagem periódicos.
DISCUSSÃO
Os tumores desmoides ocorrem principalmente nas extremidades do corpo, podendo também surgir na parede abdominal, cabeça e pescoço. Geralmente sua apresentação é de forma assintomática e com lenta progressão, porém também pode se apresentar com crescimento rápido e gerar quadro álgico em certos pacientes. A conduta expectante de até um ano está estabelecida na literatura. Uma evolução branda no período de um ano afasta, na maioria dos casos, possíveis complicações futuras e fala a favor da manutenção da conduta expectante. Todavia, assim como no caso apresentado, o tratamento cirúrgico pode ser indicado em quadros sintomáticos. O tipo de tratamento depende da local e tamanho do tumor (definindo sua ressecabilidade), porém a recidiva após a ressecção cirúrgica pode chegar a 50%. Desse modo, a quimioterapia adjuvante no pós-operatório pode ser uma alternativa na redução de recidivas. Outras terapias possíveis são a terapia com AINE associado ou não com tratamento hormonal, bem como a radioterapia. Esta última menos indicada pelo risco associado: edema, dor e risco de desenvolvimento de neoplasias.
Área
MISCELÂNEA
Instituições
Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Larissa Machado e Silva Gomide, Gabriel Neiva Rabelo, Fernando Angert de Barros Bezerra, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves, Bruno Luis Oliveira Correa, Ana Virgínia Ferreira Figueira