TÍTULO

TRAUMA TORÁCICO COM EMBALIA PARA MEMBRO INFERIOR DIREITO

INTRODUÇÃO

O Trauma torácico constitui um problema de saúde pública, sendo uma causa importante de morbimortalidade e destaca-se não só pela sua elevada incidência, mas também pelo aumento da gravidade das lesões associadas. Os ferimentos por projétil de arma de fogo (PAF) são um dos responsáveis pelo aumento da morbimortalidade dessas, principalmente quando associado a lesões cardíacas. Podendo haver embolização na corrente sanguínea, complicação rara, porém grave. Atualmente trata-se de um problema de relevância, e, por isso, justifica-se a realização deste trabalho, que tem como objetivo relatar um caso raro de trauma cardíaco penetrante com embalia para membro inferior direito.

RELATO DE CASO

Apresentamos o caso de uma paciente jovem, vítima de ferimento penetrante de tórax por arma de fogo e lesão em hemitórax esquerdo que evoluiu com embalia do projétil para a Artéria Ilíaca Comum Direita, sendo operada com sucesso em nossa instituição. Paciente admitida com estabilidade hemodinâmica e hemotórax, visualizado em radiografia na Unidade de Origem. Inicialmente, realizou-se tomografia computadorizada (TC) de tórax e Ecocardiograma Transtorácico sendo evidenciado derrame pleural e derrame pericárdico discreto com ausência de sinais de tamponamento cardíaco e projétil localizado em projeção do Ventrículo Esquerdo, sendo mantida em observação e descartado procedimento cirúrgico devido à ausência de sangramento cardíaco ativo. Paciente evoluiu, após 12 horas, com queixa de dor em membro inferior direito(MID) e sinais de insuficiência arterial. Realizada angiotomografia, evidenciou-se presença de projétil em artéria ilíaca comum direita. O tratamento ocorreu com embolectomia femoral direita tracionando o objeto até exteriorização do mesmo. Paciente evoluiu com reperfusão do membro imediata e ausência de sinais de hemotórax e de derrame pericárdico pela TC após 7 dias,e a Ressonância Magnética evidenciou apenas discreta hipocinesia do Ventrículo Esquerdo, descartando a necessidade de intervenção cirúrgica no coração, com alta hospitalar após trinta e quatro dias de internação.

DISCUSSÃO

Embolia é uma complicação rara causada por ferimentos de arma de fogo e ocorre quando projéteis adentram na circulação sanguínea e migram se alojando em áreas de bifurcação. Sua suspeição pode ser o resultado de imagens radiológicas seriadas demonstrando movimentação do corpo estranho. Embolizações por PAF no sistema arterial frequentemente são sintomáticas por levarem à isquemia crítica do membro; por isso, seu diagnóstico é precoce. No caso relatado, observamos sintomatologia isquêmica em MID após 12 horas do trauma. O manejo é ditado pela sua localização anatômica, pelo tempo da sua descoberta e pela presença ou ausência de sintomatologia. As possibilidades de tratamento intervencionista variam entre técnicas cirúrgicas abertas, endovasculares e híbridas, sendo que os métodos endovasculares se difundiram e se tornaram preferência no tratamento desta afecção.