TÍTULO

ANALISE EPIDEMIOLOGICA DE PACIENTES SUBMETIDOS A LAPAROTOMIA EXPLORADORA DE URGENCIA PELA EQUIPE DE CIRURGIA GERAL DO HOSPITAL UNIVERSITARIO DE SANTA MARIA

OBJETIVO

O HUSM é o serviço de referência na região central do estado do RS para casos de trauma grave e patologias cirúrgicas exigindo tratamento de alta e média complexidade pelo SUS. Tendo como porta de entrada o Pronto Socorro referenciado, são realizadas rotineiramente laparotomias exploradoras (LE) em caráter de urgência e emergência. A realização de LE de alta qualidade continua sendo um desafio para os médicos e gestores de saúde por todo o mundo, os desfechos após estes procedimentos são piores quando comparados com as cirurgias eletivas.
Apesar do volume cirúrgico, não temos dados epidemiológicos recentes sobre esta população. O presente estudo tem por objetivo levantar dados desta história recente em comparação com a literatura mundial, tornando possível o reconhecimento do perfil de patologias, pacientes e desfechos na nossa realidade.

MÉTODO

Este é um estudo transversal, descritivo e retrospectivo, de abordagem quantitativa. Foram incluídos todos os pacientes submetidos a laparotomia exploradora pela equipe da Cirurgia Geral do HUSM de agosto/2017 a julho/2018 em caráter de urgência. Não foram revisados casos pediátricos (<15 anos) ou de outras equipes do HUSM. Procedimentos de menor porte que tipicamente não são registrados como LE no nosso serviço também não foram incluídos. Foram utilizados como fonte de dados os prontuários eletrônicos dos pacientes da população alvo do estudo. A coleta de dados foi realizada pelos autores do trabalho tendo como instrumento um formulário de preenchimento padrão com múltiplas variáveis elaborado pelos autores (de dados demográficos até tempo de internação, NPO, SNG, drenos, Clavien-Dindo...)

RESULTADOS

Foram revisados 200 prontuários que formavam a população do estudo. Dois casos foram excluídos, pois ambos eram pacientes em internação prolongada, com múltiplas comorbidades e sem achados significativos à LE. Dentre os demais 198, tivemos 149 casos de abdome agudo não traumático (AA) e 49 casos de trauma. Obteve-se uma mortalidade total elevada (25,2%). Relacionamos esse dado à idade dos pacientes, comorbidades, ASA, instabilidade pré operatória, indisponibilidade de UTI e diagnóstico tardio devido à organização do sistema. Dentre os traumas, esses fatores foram menos frequentes, resultando numa mortalidade de 6%. AA vascular e obstrutivo tiveram relação com desfecho desfavorável.

CONCLUSÕES

- Houve predomínio do sexo masculino (59,6%). Média total de idade 54,4 anos, sendo os idosos maior parte dos AAs (média 60,4 anos) e os menores de 40 anos maior parte das vítimas de trauma (média 36,4 anos). 80,8% da população é natural da região.
- Hipertensão foi a comorbidade mais prevalente (32%). 45,5% apresentavam ASA ≥ III. 24,5% dos casos tiveram registrado episódio de instabilidade pré operatória.
- Tempo cirúrgico médio: 121 min. Diagnóstico mais frequente: neoplasia colorretal (13%).
- 39,% dos pacientes sem complicação pós operatória alguma registrada; 20,7% complicações leves; 14,14% complicações graves; 25,2% foram a óbito na internação.