TÍTULO

PANCREATITE NECROHEMORRAGICA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A pancreatite aguda é uma condição grave e com alta morbidade e mortalidade. Dentre suas apresentações clínicas, a pancreatite necro-hemorrágica é uma condição definida por destruição da estrutura histológica do pâncreas com necrose glandular, com possível evolução para infecção e formação de abcesso. Há ainda passagem de enzimas proteolíticas para o sangue, que desenvolvem uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica grave, classificada pelos critérios de RANSON e APACHE. Nota-se a importância do presente relato por ser um caso raro e grave de manifestação da doença, e para análise da história natural da doença, tempo de internação e efetividade das modalidades terapêuticas empregadas.

RELATO DE CASO

Paciente 44 anos, gênero masculino, natural e procedente de Uberaba, admitido com queixa de dor abdominal difusa, associada com vômitos biliosos e náuseas. Na internação, apresentou amilase de 985, e a tomografia sugeriu necrose superior a 30%, classificação de Balthazar E, sugerindo pancreatite necro-hemorrgáica. Foi realizado o diagnóstico de pancreatite aguda idiopática, tratado com dieta zero, hidratação, analgesia e iniciado Imipenem devido necrose. Evoluiu com importante piora clínica, apresentando acolia fecal, icterícia e intensificação da dor. Foi indicada laparotomia, sendo realizada necrosectomia e drenagem de grande coleção peripancreática. No primeiro dia pós operatório paciente apresentou instabilidade hemodinâmica, evoluindo com uso de drogas vasoativas. Foram realizadas nove abordagens cirúrgicas em um mês, com necrosectomia e higienização da cavidade peritoneal, permanecendo em peritoneostomia no pós operatório. Permaneceu em UTI, evoluindo com derrame pleural volumoso, sendo drenado 1200ml em toracostomia. Após dois meses, houve estabilização clínica, com início de dieta enteral e alta hospitalar. Paciente encontra-se em bom estado geral, em seguimento ambulatorial.

DISCUSSÃO

As etiologias da pancreatite aguda são em sua maioria por litíase vesicular e álcool, correspondendo a 80% dos casos. Etiologias menos frequentes como hipertrigliceridemia, medicamentos e auto imune são descritas. No presente relato, a etiologia permanece obscura, classificando assim como idiopática, pois não há fator de risco identificável. Nota-se o importante papel do envolvimento multidisciplinar em casos complexos, a fim de controlar fatores clínicos, nutricionais e psicológicos do paciente. Nesses casos, nota-se um elevado tempo de permanência hospitalar, sendo citado de 3 à 8 meses em outros relatos. Evidencia-se o elevado número de abordagens cirúrgicas, sendo nove procedimentos no presente relato.