Dados do Trabalho
TÍTULO
PSEUDOCISTO DE PAREDE ABDOMINAL: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Um pseudocisto da parede abdominal é uma coleção de fluido dentro de uma cápsula não revestida pelo epitélio.
Essa complicação após a correção da hérnia incisional se desenvolve mais tardiamente após o procedimento, é rara e
subnotificada. Foi descrito pela primeira vez em 1993 por Waldred et al. que descreveram dois casos de formação
de cistos fibrosos após reparo de hérnia ventral com tela de Marlex. Apesar da literatura limitada sobre a incidência dessa complicacao, alguns autores acreditam que ela seja mais comum do que se pensava anteriormente. Aqui, relata-se o caso de um pseudocisto de parede abdominal formado após reparo de tela de polipropileno de uma hérnia incisional e descreve o manejo e o desfecho clínico.
RELATO DE CASO
Uma mulher de 80 anos foi encaminhada ao nosso departamento devido a um tumor na parede abdominal.
Sua história médica inclui uma histerectomia por mioma há quatro anos. Dois anos após a histerectomia, ela
desenvolveu uma hérnia incisional que foi corrigida com uma laparotomia mediana e reparo com tela de polipropileno. Na admissão em
serviço ambulatorial a paciente queixava-se de tumoração em abdomen, de evolução progressiva nos últimos dois anos,
além de dor abdominal e dificuldade de locomoçao devido ao tamanho do tumor. A tomografia computadorizada
mostrou um cisto septado medindo 20 cm × 16 cm × 17 cm no músculo reto abdominal. A lesão foi completamente ressecada com fechamento primário do defeito, colocação de uma tela de polipropileno onlay e drenagem abdominal por sucção. Em estudo anatomo-patológico, a macroscopia revelou um tumor de 4 kg com evidência de granulação. Microscopicamente, identificou-se inflamação crônica (parede anterior), reação granulomatosa a corpo estranho, fibrose (parede posterior) e ausência de malignidade. O dreno abdominal foi retirado no oitavo dia de pós-operatório (menos de 30 mL de líquido em um período de 24 horas). Recebeu alta no oitavo dia de pós-operatório sem queixas. Ela não teve complicações em um ano de follow-up.
DISCUSSÃO
O único tratamento definitivo efetivo é a excisão cirúrgica da parede do pseudocisto. A excisão total da
parede do pseudocisto pode ser realizada, no entanto, a parte que é anexada à tela é difícil de remover sem danificar a
mesma ou a parede abdominal. Portanto, a maioria dos autores relatou excisão parcial da parede do pseudocisto que
retém a parte fixa à tela. Em nosso caso, optou-se por excisão total, e uma parte da tela e da aponeurose
também foi ressecada com o pseudocisto. Portanto, tivemos que reparar a parede abdominal com sutura e uma tela de
baixa gramatura onlay. Mehrotra et al. relataram que uma abordagem laparoscópica pode ser considerada um
procedimento seguro e eficaz. A drenagem adequada e prolongada além de compressão pós-operatória também
são necessárias , e aconselhamos compressão pós-operatória por dois meses, a partir do procedimento, com bandagem
de hérnia.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Universidade Tiradentes - Sergipe - Brasil
Autores
Paulo Vicente Santos Filho, Rafael Silva Santos, Marcelo Protasio dos Santos, Debora Silva Pereira, Felipe Meireles Doria, Maria Aline Moura Reis, Vinícius Santos de Oliveira, Valdinaldo Aragao Melo