TÍTULO

AVULSAO DE ARTERIA RENAL EM PACIENTE VITIMA DE POLITRAUMA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Pacientes envolvidos em acidentes de trânsito podem apresentar múltiplas lesões de diversas naturezas, podendo comprometer diversos órgãos e sistemas. A injúria de artéria renal é uma complicação rara e grave do politrauma, menos de mil casos são encontrados na literatura desde a primeira descrição por Von Recklinghausen em 1861 1. O objetivo deste relato de caso é reforçar a importância de realizar exames de imagem contrastados em serviços de emergência, pelo fato de que lesões do gênero são identificáveis apenas após o período de injeção de contraste.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 32 anos, sem comorbidades prévias, vítima de politrauma em acidente automobilístico, admitido na unidade de emergência do Hospital de Caridade de Ijuí. Apresentava queimaduras de 3º grau em região de fossa ilíaca direita, períneo, órgãos genitais e coxa esquerda, somado a dor abdominal difusa, sem trauma abdominal penetrante. Após exame físico inicial, foi submetido à tomografia computadorizada (TC) contrastada de crânio, tórax e abdome. Foram evidenciadas as seguintes alterações: edema cerebral difuso e fratura no osso zigomático, fratura no 7º,8º e 9º arcos costais à esquerda, moderada quantidade de hemoperitônio, hematoma subcapsular hepático, provável laceração/hematoma esplênico e lesão isquêmica renal direita. Encaminhado ao bloco cirúrgico para laparotomia exploradora, que resultou em esplenectomia, apendicectomia incidental e nefrectomia à esquerda por avulsão completa da artéria renal esquerda no dia 01/08/18. Após o procedimento paciente foi mantido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até 03/08/18. Durante período de internação desenvolveu parafimose em prepúcio sendo realizada escarotomia. Realizou, também, desbridamento de queimaduras com posterior enxertia nas áreas afetadas. Recebeu alta hospitalar em 30/08/18, foi acompanhado em ambulatório de cirurgia geral e cirurgia plástica durante 2 meses.

DISCUSSÃO

O acometimento de estruturas vasculares em vítimas de politrauma é incomum, porém confere uma alta morbi-mortalidade para estes pacientes 2. É essencial que no primeiro atendimento sejam realizados exames de imagem contrastadas, tendo por objetivo identificar lesões abdominais e, por conseguinte, injúrias vasculares. Cerca de 85% dos pacientes politraumatizados vão necessitar de laparotomia exploradora para abordar lesões intra-abdominais1, portanto o procedimento também deverá intervir no trauma vascular, como foi o caso do paciente deste relato. A não revascularização é geralmente o procedimento de escolha em pacientes com lesão de artéria renal unilateral, uma vez que revascularizar o vaso lesado apresenta alto índice de complicações, tendo sido realizada apenas em pacientes com lesão bilateral ou presença de rim único1. Desta forma, este relato tem como objetivo reforçar a importância do exame de imagem contrastado no ambiente de emergência para diagnóstico precoce de injúrias vasculares.