TÍTULO

ABORDAGEM CIRURGICA DO PESCOÇO POR VIA RETROAURICULAR ROBOTICA: EXPERIENCIA PIONEIRA NO NORTE-NORDESTE DO BRASIL

OBJETIVO

Este estudo tem como objetivo fornecer uma análise descritiva de nossa experiência inicial com a abordagem robótica do pescoço por via retroauricular, avaliando a viabilidade, segurança e resultados.

MÉTODO

Análise descritiva do primeiro paciente submetido a uma cirurgia robótica em cabeça e pescoço em um hospital brasileiro situado fora do eixo Rio-São Paulo. O procedimento constou de uma ressecção de glândula submandibular direita por acesso retroauricular robótico, realizado pela equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Santa Joana Recife, Recife, PE, com a colaboração de um cirurgião titular do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Ac Camargo Cancer Center, São Paulo, SP.

RESULTADOS

Um paciente masculino, 32 anos, professor, natural de Caruaru, Pernambuco, com história de nodulação indolor em região cervical a direita, com dois meses de evolução. Nega alcoolismo, tabagismo e história pessoal de câncer ou de irradiação em cabeça e pescoço. O exame ultrassonográfico do pescoço mostrou um nódulo sólido, hipoecóico de 2,8x2,2cm em glândula submandibular direita. A punção aspirativa por agulha fina evidenciou uma lesão compatível com adenoma plemórfico. Após discussão conjunta entre equipe multidisciplinar e o paciente acerca das opções de abordagem cirúrgica, foi optada pela realização de ressecção de glândula submandibular direita por acesso retroauricular com uso do sistema robótico Da Vinci (Intuitive Surgical, Inc., Sunnyvale, CA, USA), seguindo a técnica previamente descrita por Koh, et al. No dia 23 de Fevereiro de 2019, o paciente foi submetido ao procedimento proposto, realizado no Hospital Santa Joana Recife, em Recife-PE. O tempo cirúrgico total foi de 90 minutos e o tempo de console foi de 50 minutos. O Procedimento ocorreu sem intercorrências. Os nervos marginal mandibular, lingual e hipoglosso foram devidamente identificados e preservados. O paciente recebeu alta hospitalar no primeiro dia pós-operatório, sem queixas de dor e sem sinais de paresia de nervos, infecção, hematoma ou qualquer complicação local. O laudo anatomopatológico confirmou o adenoma pleomórfico. O paciente retornou após duas semanas da cirurgia, completamente assintomático e com grande satisfação estética pós-operatória.

CONCLUSÕES

Após este primeiro caso de uma cirurgia robótica em cabeça e pescoço do Norte e Nordeste do Brasil, a nossa impressão é que a cirurgia robótica cervical é uma boa opção para casos bem selecionados e que a abordagem retroauricular proporciona uma via de acesso segura para o pescoço, com baixos índices de complicações e com excelente aspecto estético pós-operatório. Por certo, estamos apenas no início da curva de aprendizado e análises de séries maiores são necessárias para uma melhor avaliação acerca de segurança oncológica e do seu impacto na qualidade de vida dos pacientes em nossa região.