Dados do Trabalho


TÍTULO

ENUCLEAÇAO CIRURGICA DE INSULINOMA PANCREATICO EM GESTANTE

INTRODUÇÃO

O insulinoma é um tumor neuroendócrino funcional raro derivado das células β de Langerhans, com uma incidência de 1-4 casos/mi de habitantes e idade média de 47 anos, mais comum em mulheres (57%). Ainda mais raro em gestantes, representa um desafio terapêutico no binômio materno-fetal.

RELATO DE CASO

M.S.A.R, feminino, 27 anos, G2P1A0, 14s5d, história de sintomas neuroglicopênicos associados a hipoglicemia há 10 meses, piores após início da gestação. Admitida assintomática, feto com boa vitalidade, glicemia sérica (GS) 42 mg/dl, insulina e peptídeo-c normais. Ultrassonografia (USG) e Tomografia Computadorizada (TC) de abdome com contraste normais. Ressonância Magnética (RNM) contrastada evidenciou imagem com hipersinal em T2 no processo uncinado do pâncreas.
Iniciado tratamento clínico com Verapamil e Octreotide, sem sucesso, optando-se pelo tratamento cirúrgico. No intraoperatório, identificou-se nódulo de 1cm em processo uncinado, confirmado com USG, distando 2cm do ducto pancreático principal. Realizou-se enucleação de lesão e drenagem cavitária. O feto permaneceu com boa vitalidade e a paciente recebeu alta no 7º PO, sem dreno, estável e normoglicêmica. O laudo histopatológico foi compatível com insulinoma.

DISCUSSÃO

O insulinoma representa 2% das neoplasias pancreáticas, 90% são únicos, benignos e menores que 2cm, com distribuição pancreática homogênea. Manifesta-se por sintomas neuroglicopênicos e adrenérgicos associados a baixos níveis glicêmicos.

Dos 27 casos descritos em gestante, a maioria manifestou sintomas no 1º trimestre. Há maior desafio diagnóstico devido a modificações hormonais da gestação, que aumentam a frequência de episódios de hipoglicemia.

O diagnóstico consiste no quadro clínico e laboratorial (insulina, peptídeo-C, GS) seguido de exames de imagem. A TC é o método de escolha, com sensibilidade de 94%, semelhante a RNM. Caso não se identifique o tumor, pode-se realizar USG endoscópico, com sensibilidade de até 100% combinado à TC, exceto para lesões distais. A estimulação intra-arterial seletiva com cálcio reserva-se a casos de alta suspeição com exames inconclusivos. A palpação da lesão associada a USG intraoperatório fornece a melhor acurácia.

Cirurgia é a única alternativa de cura (até 98%). A enucleação é preferível e indicada para tumores <2cm e distando >2cm do ducto pancreático. Outras abordagens como pancreatectomia distal e cirurgia de Whipple, são recomendadas para lesões maiores, em íntima relação com ductos e suspeita de malignidade. Recorrência é incomum, 5% em 10 anos.
O tratamento medicamentoso com Octreotide, bloqueadores de canal de Ca++ e Diazóxido tem >50% de falha e é reservado para casos inelegíveis a cirurgia.

Em gestantes, preconiza-se o tratamento medicamentoso inicial, também com efeitos incertos sobre o feto. Porém, a maioria dos casos descritos foi operada após falha medicamentosa, com bons desfechos para o feto. Logo, apesar da baixa amostragem, a cirurgia parece uma boa opção e não deve ser hesitada em casos refratários.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

IMIP - Pernambuco - Brasil

Autores

VICTOR LIRA DE OLIVEIRA, OMAR JACOBINA DE FIGUEIREDO, CRISTIANO SOUZA LEAO, ANTONIO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE MARTINS, KELWIN MADSON DA SILVA, LUIZ HENRIQUE FERREIRA LOPES DOS SANTOS, JOANNA BRAYNER DUTRA, VANESSA LIRA DE OLIVEIRA