Dados do Trabalho


TÍTULO

DOS CRITERIOS DE RESSECABILIDADE AS COMPLICAÇOES POS OPERATORIAS DA DUODENOPANCREATECTOMIA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O câncer de pâncreas possui elevada mortalidade, cuja sobrevida em 5 anos é 8%. A sintomatologia - icterícia, prurido, náuseas, vômitos e dor epigástrica - ocorre em fases de doença avançada.
A duodenopancreatectomia (DP), único tratamento possivelmente curativo, envolve a ressecção da cabeça do pâncreas, do duodeno, da vesícula biliar com ducto biliar comum e do antro gástrico, associada à linfadenectomia regional. Este trabalho relata um caso de tumor pancreático tratado com DP, correlacionando-o à discussão dos critérios de ressecabilidade nessa cirurgia, bem como às complicações pós-operatórias.

RELATO DE CASO

M.L.S.F., feminino, 65 anos. Há 10 meses iniciou quadro de dor epigástrica, empachamento, náuseas, vômitos e hiporexia. Há 4 meses, apresentou piora da dor, icterícia, prurido e perda ponderal de 10kg. Após exames complementares, confirmou-se o diagnóstico de neoplasia pancreática, com estadiamento de T2NxMx, estágio 1B.
Paciente foi encaminhada à oncologia e submetida a DP com ressecção vascular. Na cirurgia, encontrou-se lesão tumoral de 4cm em contato com a face lateral da confluência esplenomesentérico-portal.
Durante o pós-operatório de 40 dias de internação, apresentou dor intensa e vômitos frequentes, com introdução de dieta nasoenteral em período superior a 10 dias com rejeição a introdução da dieta oral. Após alta hospitalar, retornou no dia seguinte com dor abdominal intensa, fraqueza, parestesia e vômitos, caracterizando quadro de gastroparesia pós-DP.

DISCUSSÃO

O diagnóstico tardio e o comportamento agressivo relacionam-se à alta mortalidade do câncer de pâncreas. Apenas 20% dos pacientes são candidatos à DP, por não apresentarem doença localmente avançada ou metástases à distância.
Os critérios de ressecabilidade - divididos em ressecável, borderline e irressecável - consideram o contato do tumor com: veias mesentérica superior e porta, artérias mesentérica superior e hepática comum, e tronco celíaco. Ressecções mais agressivas com ressecção vascular, buscando margens livres de doença passaram a ser realizadas, a depender do julgamento cirúrgico.
A DP com ressecção vascular vincula-se a um maior contingente de cirurgias R1, quando comparados a ausência dessa técnica, associada a maiores taxas de margens cirúrgicas macroscópicas positivas. A ressecção vascular não apresenta maior morbidade quando comparada a DP isoladamente.
Complicações pós-DP são comuns e a gastroparesia acomete 15-40% dos pacientes pós ressecção pancreática. Está relacionada ao aumento do período de internação, conforme relatado no caso e dos gastos hospitalares.
A abordagem de tumores borderlines representa um desafio no tratamento do câncer de pâncreas, tendo em vista a morbimortalidade da DP e a complexidade da ressecção vascular de importantes vasos. Assim, a expertise da equipe cirúrgica é fundamental no tratamento de tumores pancreáticos, possibilitando aproximar os resultados oncológicos daqueles advindos de cirurgias R0 e o controle das morbidades pós- DP.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Liga Acadêmica de Oncologia do Hospital de Base do Distrito Federal - Distrito Federal - Brasil

Autores

Thalita Millene Moura, José Donato de Sousa Netto, Renata Pereira Fontoura, Beatriz Carneiro Habbema De Maia, Laura de Lima Crivellaro, Bruno José de Queiroz Sarmento, Rodrigo Nascimento Pinheiro