Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO DE CARCINOMA DE CELULAS ESCAMOSAS COM DEGENERAÇAO SARCOMATOIDE SECUNDARIO A QUEIMADURA DE UM FERIMENTO POR ARMA DE FOGO

INTRODUÇÃO

Relatar um caso de carcinoma de células escamosas com degeneração sarcomatoide secundário a queimadura de um ferimento por arma de fogo (FAF) e a importância do acompanhamento dessas lesões que possuem potencial para degeneração neoplásica e que são cada vez mais prevalentes nas hospitais de trauma.

RELATO DE CASO

Paciente, sexo masculino, 58 anos, com história prévia de FAF no abdome há 18 anos, admitido no Instituto Dr. José Frota (IJF) em dezembro de 2017 com queixa de surgimento de lesão exofítica com áreas de necrose associada em local de cicatriz operatória e queimadura, secundária a perfuração pelo projétil. Após estadiamento tomográfico, foi proposto tratamento cirúrgico para ressecção de tumor da parede abdominal em bloco, com necessidade de duas enterectomias, por contato com a lesão, seguidas de duas anastomoses entéricas término-terminais. Os resultados dos estudos histopatológico e imuno-histoquímico apontaram carcinoma de células escamosas com diferenciação sarcomatoide cutânea, com estadiamento patológico pT3pN0.

DISCUSSÃO

As úlceras de Marjolin têm sido descritas em vários tipos de lesões, como úlceras de pressão, tecidos irradiados, úlceras diabéticas e outras menos comuns. Porém, é, na maioria das vezes, descrita como uma transformação neoplásica de cicatriz de queimadura. A maioria dos casos descritos refere-se a carcinoma espinocelular, porém, outros tipos de transformações malignas também podem ser vistas, apesar de raras, tais como carcinoma basocelular, melanoma, adenocarcinoma e sarcoma.
A transformação maligna dessas lesões tende a ser lenta, revisão recente da literatura identificou um período de latência variando de 6 a 42 anos.
O tratamento consiste em ressecção ampla da lesão com margem cirúrgica de pelo menos 2 cm e cobertura do defeito resultante com enxerto de pele ou retalhos.
A úlcera de Marjolin é uma complicação prevenível, secundária a lesões cronicamente inflamadas, em sua maioria relacionada a queimaduras antigas, cujo mecanismo fisiopatológico ainda é pouco conhecido. Ênfase deve ser dada na prevenção dessas lesões por meio do tratamento adequado das queimaduras agudas com cobertura definitiva com enxertos, prevenindo cronificação do processo inflamatório cicatricial; além de vigilância dos pacientes que tiveram uma cicatrização das queimaduras por segunda intenção ou que possuam cicatrizes que ulceram facilmente.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Instituto Dr José Frota - Ceará - Brasil

Autores

RAMIRO ROLIM NETO, IVENS FILIZOLA SOARES MACHADO, GEORGE LUCAS VIEIRA FLORÊNCIO, LUCYANO ROCHA DA SILVA FERRAZ, BÁRBARA DE OLIVEIRA BRITO SIEBRA, ÉRICA VALENTIM RIBEIRO