TÍTULO

METASTASECTOMIA HEPATICA POR ADENOCARCINOMA DUCTAL PANCREATICO ASSOCIADA A DUODENOPANCREATECTOMIA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O câncer de pâncreas é a neoplasia mais letal do trato gastrointestinal. O adenocarcinoma ductal pancreático representa 90% dos casos, sendo sua taxa de incidência próxima da mortalidade (SILVA, 2009). Segundo a literatura, 80% dos casos aparecem entre 60-80 anos, sendo raro antes dos 40 anos. Os fatores de risco associados ao seu desenvolvimento são: tabagismo (principal), história familiar, diabetes, pancreatite crônica e obesidade. Geralmente, por ser diagnosticado mais tardiamente, menos de 20% dos pacientes são susceptíveis de cirurgia curativa. Como a paciente apresentava metástase única e tumor ressecável, optou-se pela realização da duodenopancreatectomia (DP) associada à metastasectomia hepática e quimioterapia adjuvante, tendo bom prognóstico.

RELATO DE CASO

Paciente, sexo feminino, 36 anos. Apresentava queixa de icterícia há 2 meses e rápido emagrecimento - perda de 7kg em 1 mês. Foi solicitada uma ultrassonografia de abdome total, que evidenciou ectasia do ducto pancreático principal (5 mm), com dilatação das vias biliares e nódulo sólido de 12cm³ em lobo esquerdo hepático. Os exames laboratoriais apresentavam elevação de Gama-GT e bilirrubina total, com marcadores tumorais normais (CEA, CA 19.9 e CA 125). Foi realizada uma tomografia computadorizada de abdome superior contrastada, que apresentou uma massa expansiva na cabeça do pâncreas e formação circular hipodensa em segmento IV (lobo quadrado) do lobo esquerdo hepático, sendo diagnóstica com neoplasia maligna da cabeça do pâncreas com metástase hepática. Foi realizada uma DP (cirurgia de Whipple) associada à metastasectomia hepática e inserido um dreno de Penrose à direita. O anatomopatológico confirmou adenocarcinoma moderadamente diferenciado em cabeça do pâncreas (5x4cm), infiltrando papila duodenal e camada submucosa do duodeno, com áreas de necrose. Sem invasão vascular ou linfática, margens livres e ausência de metástase para linfonodos. O resultado da massa hepática evidenciou metástase de adenocarcinoma diferenciado, com margens livres (pT3N0M1). Não houve intercorrências durante a cirurgia e no pós-operatório. A paciente evoluiu bem, com boa aceitação da dieta, recebendo alta hospitalar no 10º dia para acompanhamento ambulatorial e posterior quimioterapia adjuvante.

DISCUSSÃO

A DP é um procedimento considerado desafiador; em centros de referência, a taxa de mortalidade varia em torno de 3-5%; as taxas de complicações variam de 30-61%. No que se refere ao câncer de pâncreas, apesar de na fase inicial os pacientes normalmente serem assintomáticos, é muito importante fazer diagnóstico precoce e identificar o estágio exato para eleger as opções terapêuticas adequadas. A cirurgia descrita acima pode implicar em alterações no estilo de vida. Este relato contribui com a ampliação dos conhecimentos sobre o câncer de pâncreas, que deve ser sempre pensado pelo médico como uma hipótese diagnóstica de acordo com o quadro apresentado.