TÍTULO

RARO CASO DE FASCIITE NECROSANTE

INTRODUÇÃO

A Fasciíte Necrosante é uma infecção bacteriana com alta taxa de mortalidade e rapidamente progressiva, que acomete o tecido subcutâneo e fáscia superficial. Frequentemente polimicrobiana (tipo I), tem pior prognóstico quando identificado Streptococcus do grupo A (GAS) isolado ou associado ao S. aureus (tipo II). Nossa motivação surgiu devido a uma paciente sem comorbidades, que desenvolveu uma fasciíte necrosante extensa com o acometimento de grande parte de seu MIE e região inguinal. O diagnóstico precoce é crucial para uma boa condução do caso.

RELATO DE CASO

Paciente do feminino, 22 anos, previamente hígida, procurou o pronto socorro referindo dor importante em coxa esquerda após episódio de trauma de baixa energia há 3 dias. Evidenciado equimose de 3 cm de diâmetro, endurada com halo de hiperemia e sinais flogísticos em face medial de coxa esquerda, associado a taquicardia sinusal, taquipnéia e dor torácica ventilatório-dependente à esquerda. Exames laboratoriais evidenciaram leucocitose e PCR elevada. Encaminhada à UTI. Realizado ultrassonografia de MIE, sem alterações. Avaliada pela cirurgia geral 15 horas após admissão com piora da lesão, a qual estendia-se da região poplítea a inguinal, com pápulas, flictenas e instabilidade hemodinâmica. Encaminhada ao bloco cirurgico em caráter de emergência. Submetida a fasciotomia extensa da região poplítea a perineal seguida por inguinotomia e incisão em região posterior de coxa esquerda. Evidenciada e ressecada fáscia muscular posterior da coxa que se apresentava desvitalizada com áreas de necrose e secreção de aspecto inflamatório. Evoluiu no pós operatório com melhora clinica e estabilidade hemodinamica. Foi realizada reaproximação de bordas em segundo tempo. Prescrito Meropenen e Vancomicina após resultado de culturas: Streptococcus pyogenes e Pseudomonas aeruginosas. No 52° após admissão recebeu alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

A Fasciíte necrosante acomete principalmente indivíduos com comorbidades e fatores de risco. Menos comumente foi descrita na literatura em indivíduos previamente hígidos como no caso relatado. Outro ponto atípico, foi o relato de um pequeno trauma imperceptível. Também é importante salientar a rapidez de sua progressão. Em poucas horas a paciente apresentou expressiva piora clínica e instabilidade hemodinâmica. A cerca da dimensão da área desbridada, a RNM, considerada superior aos demais métodos de imagem diagnósticos, permite delimitar a área de necrose da fáscia e programar o procedimento cirúrgico com maior exatidão. Vale ressaltar que apesar de didática, a classificação não deve ser determinante na escolha dos antimicrobianos e que o desbridamento cirúrgico se faz indispensável. A FN é uma infecção rara, de alta morbimortalidade e caráter emergencial. A evolução favorável depende de um alto grau de suspeição clínica associado ao tratamento cirúrgico adequado.