Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: COMPLICAÇÕES DE FISTULA GASTRICA APÓS 09 ANOS DE GASTRECTOMIA VERTICAL (SLEEVE)

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a gastrectomia vertical tem sido frequentemente indicada para o tratamento da obesidade mórbida, devido sua simplicidade técnica e eficácia, principalmente em pacientes super obesos (IMC>50Kg/m²). Comparando com outras técnicas cirúrgicas, apresenta menor incidência de complicações, sendo a principal, a fístula gástrica proximal. O presente relato visa expor um caso clínico de fístula gástrica tardia por gastrectomia vertical com acometimento pulmonar por contiguidade.

RELATO DE CASO

Homem, 38 anos, atendido na emergência do HRMS, com quadro de dispneia, dor torácica em hemitórax esquerdo, ventilatório-dependente, de 15 dias de evolução. Ao exame apresentava-se taquicárdico, dispneico, MV abolidos em hemitórax esquerdo e drenagem de secreção purulenta com conteúdo alimentar em hipocôndrio esquerdo. Relata cirurgia bariátrica (técnica Sleeve) há 9 anos e laparotomia para-mediana e drenagem de abscesso abdominal há 1 ano por trauma abdominal. Na TC tórax: hidropneumotórax septado à esquerda, cujo laudo sugeria hérnia diafragmática à esquerda, consolidação do parênquima bilateral, pior à esquerda. TC de abdome com contraste oral sugeriu fístula jejuno-cutânea. Endoscopia Digestiva Alta descreveu órgão tubulizado compatível com gastrectomia vertical prévia, além de grande fistula localizada no corpo, cerca de 4 cm abaixo da transição esofagogástrica com resíduos alimentares no seu interior e provável comunicação com a pele. Iniciado antibioticoterapia, optado por abordagem cirúrgica para decorticação pulmonar a céu aberto, sendo realizado pneumorrafia e toracotomia com drenagem fechada esquerda. Recebeu cuidados intensivos por 10 dias, com nutrição parenteral e enteral pós-pilórica. Após melhora do status nutricional, o paciente foi submetido a Gastrectomia total com reconstrução em Y de Roux. Apresentando boa evolução pós-operatória, com alta hospitalar no 8º dia pós-operatório. Após 01 mês de alta, retorna em consulta assintomático.

DISCUSSÃO

Segundo a classificação de Csendes et al, as fistulas podem ser classificadas com precoces, intermediarias e tardias, sendo respectivamente a primeira do 1º ao 3º pós operatório, 5º ao 7º e >8 º dia pós operatório. As fistulas gástricas pós-manipulação cirúrgica possuem uma gama de opções terapêuticas disponíveis, tanto conservadoras como cirúrgicas, sendo fatores decisivos a estabilidade clinica do paciente, o tempo de fistula, comorbidades pré-existentes, acometimento de outros órgãos, habilidade do cirurgião e recursos disponíveis no serviço. Nas fístulas precoces pode-se lançar mão de terapias mais conservadoras como próteses endoscópicas, colas de fibrina, clipes, entre outros. Baseado em revisão de literatura, não há consenso para o tratamento de fistulas tardias, sendo por eleição a realização de técnicas como a Gastrectomia total, reconstrução em Y de Roux ou a conversão para Bypass gástrico, todavia há a necessidade de novos estudos para instituir uma terapêutica padronizada.

Área

CIRURGIA DA OBESIDADE - METABÓLICA

Instituições

HOSPITAL REGIONAL DO MATO GROSSO DO SUL - Mato Grosso do Sul - Brasil

Autores

KAROLINE PASCOAL ILIDIO PERUCHI, LAURA FELICIANA PAULO, CLAUDIA YANINA GARCIA, CASSIO PADILHA RUBERT, LUIZ FERNANDES FERREIRA, CAROLINA BELON ZAGO, KAREN GUERRA DE SOUZA, LIEGE MORAES