Dados do Trabalho
TÍTULO
PERFIL EPIDEMIOLOGICO DO PACIENTE RECEPTOR DE TRANSPLANTE HEPATICO EM BRASILIA NOS ULTIMOS ANOS
OBJETIVO
Estabelecer as principais causas de transplante hepático na cidade de Brasília, comparando-as com a realidade de outros locais no Brasil e no mundo.
MÉTODO
Estudo epidemiológico retrospectivo realizado com coleta de dados proveniente de dois serviços de saúde em Brasília, um vinculado ao Sistema Único de Saúde e outro privado, totalizando 419 pacientes transplantados, desde 2012 até 2018. Para obtenção de dados comparativos, foram utilizados artigos científicos de 2012 a 2017, encontrados na plataforma Pubmed, que abordam as principais etiologias de transplante hepático nos últimos anos em diferentes localidades, como São Paulo, Estados Unidos e Europa.
RESULTADOS
Em Brasília, 26% dos pacientes apresentaram hepatocarcinoma, 21% hepatite alcoólica, 8,8% hepatite C, 7,2% NASH (esteato hepatite não-alcoólica), 6,9% hepatite auto-imune, 5% colangite esclerosante primária, 4,1% criptogênica, 3,6% hepatite B e 12,2% outras patologias. No estado de São Paulo, 35% dos transplantes foram decorrentes de hepatites virais, 11% hepatite alcoólica, 10% hepatocarcinoma, 10% NASH, 7% hepatite auto-imune, 6% insuficiência hepática fulminante e 21% outras patologias. Nos Estados Unidos, 26,4% dos pacientes apresentaram hepatite C, 19% hepatite alcoólica e 14,6% NASH (dados sobre outras patologias não foram encontrados). Por fim, na Europa, 20% dos casos foram devido a hepatite alcoólica, 15,2% hepatite C, 14,4% hepatocarcinoma, 7% hepatite B, 7% insuficiência hepática aguda, 6% doenças metabólicas, 5% colangite esclerosante primária, 4% criptogênica e 21,4% outras patologias.
CONCLUSÕES
Na cidade de Brasília, o hepatocarcinoma é classificado como a causa mais prevalente de transplante hepático, diferentemente de São Paulo, Estados Unidos e Europa, onde as hepatites virais prevalecem. Enquanto Brasília apresenta 26% de hepatocarcinoma e 12,4% de hepatites virais, São Paulo apresenta 10% e 35%, respectivamente. Nos Estados Unidos, 26,4% das causas correspondem a hepatite C, e o hepatocarcinoma não está nem entre as três mais prevalentes. Na Europa, hepatite alcoólica está em primeiro lugar, com 15,2%, seguida de hepatite C, com 14,4%, e em terceiro, hepatocarcinoma, com 7%.
O hepatocarcinoma é um câncer agressivo, de difícil tratamento e com alto índice de mortalidade após o início dos sintomas. Ele pode ser causado pela interação de agentes externos com o DNA do hepatócito ou pelo excesso de multiplicação celular na regeneração crônica das hepatites virais, alcoólica e NASH. Nos Estados Unidos e na Europa, o diagnóstico de hepatocarcinoma é realizado de forma mais precoce, portanto, há um maior número de ressecções no estádio inicial do tumor, o que diminui a necessidade de transplantes posteriormente. No Brasil, apesar dos altos índices de hepatocarcinoma e do diagnóstico um pouco mais tardio, há uma priorização dessa patologia na lista de receptores, o que justifica as altas taxas de transplantes em pacientes com câncer hepático em Brasília.
Área
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
Instituições
Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Vanessa Mahamed Rassi, Fábio Mahamed Rassi, Luísa Freire Barcelos, Camille de Souza Carvalho, Bárbara Alves Campos Ferreira, Geovana Thees Perillo Rodrigues, Letícia Maiara Nunes Araujo, Gustavo de Sousa Arantes Ferreira