Dados do Trabalho


TÍTULO

ABSCESSO HEPÁTICO PIOGÊNICO COMPLICADO POR EMPIEMA PLEURAL EM PACIENTE DIABÉTICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O abscesso hepático piogênico (AHP) é uma entidade pouco frequente, porém associada a altas taxas de mortalidade devido complicações severas, sobretudo em pacientes diabéticos. A doença é causada pelo desenvolvimento de coleção purulenta única ou múltipla do fígado, desenvolvendo sintomas variados como febre, dor abdominal, vômitos, perda ponderal ou derrame pleural. Cerca de metade dos casos são criptogênicos, apesar de serem associados a doenças hepatobiliares, êmbolo séptico, diabetes mellitus e outros. Atualmente o manejo terapêutico varia de cirurgião para cirurgião, que pode optar pela abordagem aberta ou percutânea, a depender da situação.

RELATO DE CASO

Paciente de 61 anos, sexo masculino, portador de diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial sistêmica, foi admitido com história de cetoacidose diabética associada a tosse seca, febre vespertina, calafrios e astenia há 20 dias, referindo perda ponderal de 12 kg no mesmo período. Na internação evoluiu com dor abdominal em andar superior com irradiação para o dorso, picos febris e quadro séptico refratário a antibioticoterapia empírica. Realizado exames de imagem que evidenciaram extenso abscesso em lobo hepático direito, optou-se pela drenagem cirúrgica e cultura da coleção. Após 30 dias do procedimento, o paciente evoluiu com piora do estado geral e múltiplos abscessos hepáticos associado a empiema pleural, sendo realizado nova abordagem para drenagem do abscesso e drenagem torácica, seguida de admissão em Unidade de Terapia Intensiva e antibioticoterapia cobrindo Klebsiella pneumoniae. Este então apresentou boa evolução clínica e hemodinâmica, recebendo alta para acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

O abscesso hepático piogênico (AHP) é uma condição importante com alta taxa de mortalidade associada, que mundialmente varia de 2 a 12%. O microrganismo mais frequentemente isolado tem sido a Escherichia coli, no entanto, os últimos trabalhos apontam um aumento na incidência de Klebsiella pneumoniae (Kp) nas amostras, sendo este o patógeno mais comum em portadores de diabetes mellitus. A fisiopatologia é determinada pela hiperglicemia, que compromete a quimiotaxia de leucócitos polimorfonucleares, aumentando a susceptibilidade desses pacientes à disseminação da infecção. As diferenças no espectro microbiológico têm implicações nos fatores de risco e curso da doença, sendo o abscesso por Klebsiella mais associado a causas criptogênicas. Os AHP por Kp possuem cepas de alta virulência que levam a taxas elevadas de complicações, como a disseminação pulmonar, ruptura espontânea do abscesso, endoftalmite, abscesso cerebral e prostático. Quando o tratamento com antibioticoterapia e drenagem cirúrgica é iniciado precocemente a mortalidade cai de 50% para 13%.

Área

FÍGADO

Instituições

Uniceplac - Distrito Federal - Brasil

Autores

Victor Cordeiro Murad, Rafael Augusto Faust Machado, Talita Resende, Juliana Moura Ribeiro, Giulia Stival Gomes, Guilherme Ramos Leite, Marcelo Alencar da Fonseca