Dados do Trabalho
TÍTULO
RETOSSIGMOIDECTOMIA VIDEOLAPAROSCOPICA EM PACIENTE COM ENDOMETRIOSE PROFUNDA INFILTRATIVA
INTRODUÇÃO
A endometriose profunda infiltrativa (DIE) é definida como a presença de glândulas endometriais e estroma fora da cavidade uterina penetrando em estruturas adjacentes a uma profundidade de 5 mm ou mais. Sua prevalência está crescendo e, atualmente, estima-se que 10-15% das mulheres em idade reprodutiva sejam afetadas pela condição. O envolvimento colorretal representa uma das formas mais graves da doença. Clinicamente, apresenta-se através de sintomas ginecológicos, como dismenorreia, dor pélvica crônica e dispareunia profunda, associados ou não a sintomas intestinais, como disquezia, hematoquezia cíclica, constipação, diarreia e tenesmo. Pode causar grave prejuízo na qualidade de vida, sendo uma das principais razões de infertilidade.
RELATO DE CASO
Paciente de 34 anos apresentando dor abdominal, dispareunia e disúria, há 6 meses, com evolução para alteração do hábito intestinal com diarreia alternada com constipação há 2 meses. Ao exame, corada, com dor a palpação profunda de quadrante inferior esquerdo, sem sinais de irritação peritoneal. Toque vaginal doloroso a palpação do fundo do saco de Douglas. Hemograma demonstrando anemia normo/normo. Histeroscopia sem alterações dignas de nota. EAS com piúria presente e nitrito negativo. Ressonância magnética de pelve demonstrando 2 lesões em reto alto, em topografia de camada muscular, aproximadamente 10 e 12 cm da margem anal, estenosantes, sendo a maior com 4 cm de extensão, associadas a lesões em ligamentos uterosacro, redondo direito e úraco. Decidida, então, por abordagem cirúrgica sendo realizada retossigmoidectomia videolaparoscópica e anastomose primária intracorpórea associada a excisão das lesões pélvicas. Apresentou boa evolução no pós operatório, com reintrodução de dieta no 2º e alta no 5º dia. Em acompanhamento ambulatorial, há 6 meses, com desaparecimento das queixas.
DISCUSSÃO
A falha no tratamento clínico, a presença de lesões com invasão transmural com risco obstrutivo e sangramento digestivo são indicações para o tratamento cirúrgico. Dentre as opções, ressecções segmentares laparoscópicas, raspagem e ressecções locais têm sido utilizadas e favorecidas por diferentes autores. Alguns advogam por opções menos radicais, objetivando preservar anatomia e função, apesar da propensão à recidiva. Porém, no caso de acometimento extenso ou multifocal, a ressecção segmentar pode ser a única alternativa viável. Estudos nacionais vem demonstrando melhora nos escores de qualidade de vida de pacientes após a ressecção segmentar, em comparação aos escores pré-operatórios. No curto prazo, observa-se redução significativa nos sintomas ginecológicos (dispareunia e dismenorreia) e intestinais (disquezia), 3 meses após o procedimento. No longo prazo, a partir de 12 meses, há queda acentuada na prevalência de dor pélvica crônica e hematoquezia cíclica. Os dados comprovam, por tanto, o sucesso do tratamento e a importância de tal cirurgia em casos semelhantes.
Área
GINECOLOGIA
Instituições
Departamento de Cirurgia - FM/UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Guilherme Muradas Pires, Fernando Ponce Leon, Márcio José Jamel, Maria Antonia Ribeiro de Souza Sampaio, Assad Charbel Chequer Bon Habib