Dados do Trabalho
TÍTULO
RUPTURA HEPATICA ESPONTANEA SECUNDARIA A PELIOSE HEPATICA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A peliose é uma patologia considerada rara, com prevalência de 0,13%, que afeta principalmente órgãos do sistema reticuloendotelial, como fígado, baço, medula óssea e gânglios linfáticos, sendo o fígado o órgão mais afetado. O presente artigo relata o caso de uma mulher adulta de 31 anos usuária de esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) que apresentou ruptura hepática secundária a uma ruptura espontânea de peliose hepática (PH).
RELATO DE CASO
J.G.F, 31 anos, sexo feminino. Apresentou dor abdominal em epigástrico que irradiava para hipocôndrio esquerdo, de forte intensidade, associada a náuseas, vômitos, oligúria e aumento do volume abdominal. Nega trauma local, uso de anticoagulante e antiagregante plaquetário. Ao exame físico encontrava-se hipocorada, desidratada, taquipneica com pressão arterial de 90x50 mmHg em membro superior direito. No hemograma apresentou queda na hemoglobina, de 14.9 g/dL para 7.6 g/dL, em 2 dias. A ultrassonografia de abdome superior apresentou presença de nódulo ovoide e heterogêneo em lóbulo direito hepático. Foi realizada uma tomografia computadorizada do abdômen total que constatou volumosa coleção levemente hiperdensa e heterogênea, sugerindo sangue, intraparenquimatosa em lobo direito, com 95 mm, apresentando componente subcapsular, além de importante quantidade de liquido livre em pelve, com cerca de 52 UH, indicativo de sangue. Foi submetida a uma hepatectomia direita em caráter de emergência, presente em inventário grande quantidade de sangue e coágulo em cavidade abdominal, além de uma laceração hepática em lobo direito, profunda. O laudo patológico evidenciou achados histopatológicos compatíveis com PH, cirrose, hepatite portal e colestase associados. A paciente recebeu alta após 12 dias de internação em boas condições clínicas.
DISCUSSÃO
O quadro clínico da PH apresenta-se de forma assintomática à uma síndrome colestática, hepatomegalia, hipertensão portal e insuficiência hepática, podendo evoluir para sintomas clássicos de hipovolemia em caso de ruptura. A PH está associada a uma série de doenças crônicas, como AIDS e tuberculose, além do uso de anabolizantes e corticoesteroides. O diagnóstico é feito por exames de imagens, como ultrassonografia e tomografia computadorizada, e confirmado pelo exame histopatológico. As complicações hepáticas mais graves associadas com EAA são a peliose hepática e tumores hepáticos, cuja evolução resulta em hemorragia neste órgão que pode ser fatal. O uso de EAA vem ganhando popularidade e seu uso indiscriminado acarreta riscos à saúde de seus usuários, como complicações cardiovasculares, tumores hepáticos e a PH. Quanto as complicações da PH, encontra-se a sua ruptura que pode ser fatal se não identificada e abordada cirurgicamente. Em conclusão, devemos destacar que o uso indiscriminado de esteroides é um dos principais fatores que pode influenciar no quadro de PH e a sua rápida evolução clínica pode levar a morte caso não tratada imediatamente.
Área
FÍGADO
Instituições
Escola Superior de Ciências da Saúde - Distrito Federal - Brasil
Autores
Sthefiny Maisa Antonelli De Souza, Carla Larissa Cunha Sottomaior, Leonardo dos Santos Ferreira, Derek Chaves Lopes, Alexandre Rodrigues Alves, FERNANDO MARCUS FELIPPE JORGE , Cássio Silva Coelho, Jeyson Antonelli de Souza