Dados do Trabalho


TÍTULO

COLECISTITE GANGRENOSA ASSOCIADA A ABSCESSO DE PAREDE ABDOMINAL: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Colecistite gangrenosa consiste em necrose e posterior perfuração da vesícula, sendo uma complicação grave da colelitíase, com taxa de mortalidade de 15% a 50%. Há uma considerável associação com fatores como sexo masculino, idade avançada, colecistectomia postergada, doenças cardiovasculares e diabetes. Sua origem vem da obstrução das vias biliares, provocando acumulo de bile e consequente isquemia da vesícula, culminando em intenso processo inflamatório. Este trabalho tem o intuito de relatar um caso que evoluiu com complicação grave e não usual de colecistite gangrenosa.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 37 anos, obesa mórbida, procurou o pronto atendimento com queixa de dor abdominal há dois meses, localizada em hipocôndrio direito, com irradiação para dorso e de piora progressiva. Relatou piora importante três semanas anteriores à admissão, quando surgiu adinamia, hiporexia e febre. Ao exame físico foi observada lesão em hipocôndrio direito, expondo uma ferida ulcerada com sinais flogísticos, grande área necrótica na pele e intensa dor à palpação abdominal superficial, sem sinais de irritação peritoneal. Foi indicado desbridamento cirúrgico e a realização de Tomografia de Abdome (TC), que evidenciou volumoso abscesso em subcutâneo com comunicação para cavidade abdominal na topografia da vesícula biliar que se encontrava com sinais de colecistite gangrenosa. No ato cirúrgico foi realizada a abertura da área necrótica em hipocôndrio direito, com saída aproximada de 5000 ml de pus, seguido de desbridamento dos tecidos necróticos e desvitalizados, que se estendeu em profundidade desde a pele perpassando pelo subcutâneo inviável, parte da musculatura do reto abdominal necrosada, sendo interrompido no peritônio espessado, ficando a ferida operatória (FO) com diâmetro de aproximadamente 50 cm. No pós-operatório (PO), a paciente foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva em uso de drogas vaso ativas (DVA) e em ventilação mecânica (VM), havendo o desmame na primeira semana, permanecendo em uso de morfina e cuidados com estomatoterapia, até seguir para enfermaria, onde no 14° dia PO observou-se drenagem biliosa na ferida. Uma nova TC evidenciou vesícula colabada com trajeto fistuloso em parede abdominal, mas sem evidencias de coleções. Paciente evoluiu satisfatoriamente do quadro infeccioso e fechamento espontâneo da fístula. Recebendo alta no 19° PO com o objetivo de esperar a redução da inflamação local para realizar colecistectomia e reconstruir a parede abdominal. Segue em acompanhamento ambulatorial com excelente fechamento por segunda intenção da FO.

DISCUSSÃO

Este relato ilustra uma paciente jovem, com obesidade mórbida associado ao quadro de colelitíase crônica, que evoluiu com colecistite gangrenosa, fistula colecisto-cutânea e abscesso de parede abdominal, demonstrando a importância de proceder investigação e definição de conduta precoce afim de evitar tais complicações.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital e Maternidade Dra Zilda Arns - Ceará - Brasil

Autores

Ramon Rawache Barbosa Moreira Lima, Mateus Pimentel Gomes Luz, Lucas Santos Girão, Marcella Franco Almeida, Beatriz Medeiros Ferreira Gomes Silva, Mariana Melo Gontijo