Dados do Trabalho


TÍTULO

Íleo Biliar: relato de caso

INTRODUÇÃO

O ílio biliar (IB) é a obstrução mecânica do trato gastrointestinal provocado pela impactação de um ou mais cálculos na luz intestinal. Condição rara, responsável por 1 a 3% das oclusões intestinais não malignas, e 25% dos casos de obstrução em pacientes com mais de 65 anos1. Na maioria dos casos a doença calculosa biliar é assintomática, tendo o diagnóstico acidental em exames de imagem2.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 75 anos, diabética, hipertensa, obesa, com história prévia de colelitíase, admitida no Serviço de Pronto Atendimento de um Hospital Universitário, com queixa de dor em hipocôndrio direito tipo cólica associada a náuseas, vômitos e febre. Apresentava sinal de Murphy positivo e leucocitose com desvio. Foi internada para tratamento clínico de colecistite aguda. No terceiro dia de internação, iniciou quadro de distensão abdominal, com dor difusa, sem sinais de irritação peritoneal, com parada de eliminação de gazes e fezes, também apresentava rebaixamento de sensório. Nos exames laboratoriais apresentava distúrbios hidroeletrolíticos. No raio-x de abdome evidenciou-se distensão de alças com níveis hidroaéreos e na tomografia de abdome constatou-se aerobilia e cálculo de aproximadamente 3cm impactado em íleo terminal. Com o diagnóstico de íleo biliar, a paciente foi submetida à laparotomia exploradora. No procedimento cirúrgico optou-se por enterolitotomia com enterorrafia, sem manipulação da vesícula biliar. O cálculo de aproximadamente 3 cm de diâmetro foi encontrado em íleo terminal, não havendo sinais de sofrimento em alça, após a remoção do cálculo foi realizada ordenha do segmento intestinal para a retirada de cálculos menores. A antibioticoterapia foi feita com a utilização de Ampicilina, Metronidazol e Gentamicina, com doses ajustadas conforme a função renal. A paciente permaneceu no pós-operatório em UTI, devido ao seu estado clínico (sepse e insuficiência renal). Recebeu alta no trigésimo quinto dia pós-operatório em bom estado geral e manteve acompanhamento ambulatorial sem intercorrências.

DISCUSSÃO

O IB ocorre predominantemente no sexo feminino, devido a maior incidência de litíase vesicular1. O diagnóstico do IB é difícil de ser feito clinicamente devido a inespecificidade dos sintomas, que podem ser facilmente confundidos com colecistite. O diagnóstico pré-operatório é em torno de 20 a 50%. O raio-x de abdome agudo é uma importante ferramenta no diagnóstico de oclusão, mostrando distensão de alças, padrão empilhamento de moedas, níveis hidroaéreos e ar na topografia da VB. O exame tomográfico tem uma sensibilidade de 93%, mostrando cálculos ectópicos e pneumobilia3. Além da enterolitotomia, recomenda-se a abordagem da fístula colecistoentérica no mesmo tempo cirúrgico, já que existe a possibilidade de íleo recorrente, colecistite, colangite e carcinoma de vesícula biliar. Porém, na presença de processo inflamatório intenso existe o risco de lesões iatrogênicas graves4.

Área

INTESTINO DELGADO

Instituições

Hospital Universitario Dr Miguel Riet Correa Junior - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Mariana Angelica Berardi Cioffi, João Gabriel Mello Ramos, Gabriela Diesel Silveira, Paulo Eduardo Macedo Caruso, Alexandre Deves, Marco Aurelio Azevedo Casanova, Leonardo Castilho, Mara Regina Campello