Dados do Trabalho


TÍTULO

HIDROCELE ENCISTADA DO CANAL DE NUCK: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Durante a embriogênese, na 28ª semana de gestação, uma evaginação do peritônio parietal - o processo vaginal - desenvolve-se ventralmente em relação ao gubernáculo, herniando-se através da parede abdominal ao longo do caminho desse cordão. Além do peritônio, o processo vaginal leva consigo extensões de camadas da parede abdominal, que formarão os limites do canal inguinal: a abertura na fáscia transversal torna-se o anel inguinal profundo, enquanto a abertura na aponeurose oblíqua externa forma o anel inguinal superficial.
Na mulher, o gubernáculo é fixado ao útero próximo da inserção da tuba uterina: a parte cranial torna-se o ligamento ovariano, e a porção caudal forma o ligamento redondo do útero. Em geral, o processo vaginal se oblitera na mulher antes do nascimento. Quando isso não ocorre, se caracteriza como persistência do processo vaginal, comumente chamado de canal de Nuck, uma vez que foi descrito pelo anatomista Aaron Nuck van Leiden no século XVII.
O cisto de Nuck ou hidrocele encistada, portanto, se caracteriza pela persistência do processo vaginal com acúmulo de líquido proveniente do peritônio, formando uma coleção líquida. Diagnósticos diferenciais ao exame clínico, incluem abscesso, cisto da glândula de Bartholin, linfangioma cístico, cisto epidermóide, hérnia inguinal, pseudoaneurisma, hematoma, e varicosidades.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 31 anos, atleta profissional de surf, apresentou-se com pequeno nódulo levemente doloroso na região inguinal direita. Negava outros sintomas e fatores de melhora ou piora, sem comorbidades. Operação em região inguinal esquerda prévia, com uso de tela cirúrgica.
Em investigação complementar, foi realizada ultrassonografia transvaginal, em que não houve alterações observadas em útero e anexos. Como observação adicional, foi observada, na região inguinal direita, formação cística bilobulada de paredes discretamente espessas com conteúdo homogêneo medindo 4,4 x 2,2 x 1,3 cm. Não se observou fluxo detectável ao Doppler. Na ressonância magnética da parede abdominal, o achado correspondente foi de formação cística bilobulada no canal inguinal, aprofundando-se em direção ao ligamento redondo do útero.
Foi optado por inguinotomia, com achado de estrutura cística no canal inguinal direito. Realizada exérese do cisto e ligadura do canal de Nuck patente.

DISCUSSÃO

Apresentamos um caso de cisto de Nuck em paciente adulta, previamente hígida, cuja avaliação por métodos de imagem sugeriu o diagnóstico. Esse caso demonstra a importância de considerar hidrocele de Nuck como diagnóstico diferencial nas tumorações inguinais em mulheres adultas, mesmo que a literatura aponte que a maior incidência de casos ocorre em pacientes adolescentes.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Escola Paulista de Medicina - São Paulo - Brasil

Autores

Amanda Ferreira Furian, Rodrigo Mendes, David Carlos Shigueoka, Ramiro Colleoni