TÍTULO

Abcesso Hepático em homem de 76 anos

INTRODUÇÃO

Abcesso hepático piogênico é causado pelo desenvolvimento de coleção
purulenta intra-hepática secundária à reação celular inflamatória local por infecção de
bactérias no parênquima hepático. 1 Sua incidência vem aumentando nos últimos anos,
variando de 1,1 a 2,3 por 100.000 habitantes e a mortalidade tem diminuído com os
novos tratamentos e condutas cada vez mais precoces.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 76 anos de idade, ex-etilista e tabagista (1
maço/dia) há 60 anos, deu entrada no hospital com queixas de fraqueza iniciada no dia
19/05/2018, associado à sudorese e 1 episodio de vômito. Referia dor em membros
inferiores, diminuição da força muscular, dificuldade de deambulação e perda ponderal
de aproximadamente 20 kg em 1 ano. Começou a realizar um tratamento para foco
infeccioso indefinido, com melhora clínica. Um mês após o início dos sintomas, o
paciente retornou ao hospital com queixa de dor em hipocôndrio direito, febre,
obnubilação e parada de eliminação de fezes. Ele apresentava-se hipocorado, letárgico,
respondendo aos estímulos dolorosos, eupnéico, com fáscies de dor abdominal a
palpação superficial, com sinais de irritação peritoneal, Blumberg + e distensão
abdominal. Foi realizada uma tomografia de abdome sem contraste que identificou
importante distensão nas alças intestinais, principalmente do cólon. Dessa maneira, o
paciente foi submetido à laparotomia exploradora com drenagem de abscesso hepático
com grande quantidade de secreção purulenta. Ele seguiu internado em estado grave,
mas com evolução favorável, com queda dos leucócitos, estável hemodinamicamente
sem necessidade de drogas vasoativas e com dreno tubular abdominal com secreção
serosanguinolenta.

DISCUSSÃO

Os principais sintomas do abcesso hepático são dor abdominal – mais
pronunciada no hipocôndrio direito - febre e hepatomegalia. Tem evolução subaguda
com início dos sintomas variando entre 3-120 dias. O abcesso hepático piogênico é
predominante em homens, acima de 60 anos. Ocorre devido a infecção do parênquima
hepático secundário a invasão celular inflamatória. Esta pode ser de causa criptogênica;
portal, no caso de infecções esplênicas ou intestinais como apendicite ou diverticulite;
ou de causa biliar, como em colangite prévia, coledocolitíase, colangiocarcinomas, ou
até mesmo após procedimentos como a colangiopancreatografia retrógada
endoscópica. Geralmente estão associados com infecções polimicrobianas . A
terapêutica a ser instituída deve levar em consideração a causa, a experiência do serviço
e o acesso aos meios de diagnóstico e tratamento. A sobrevivência do paciente depende
do diagnóstico precoce e tratamento imediato. O objetivo deste estudo foi acompanhar a
evolução e as condutas de um caso grave de abscesso hepático tratado por laparotomia
exploradora com drenagem do abcesso e antibioticoterapia.