Dados do Trabalho
TÍTULO
REPARO PRIMARIO BEM SUCEDIDO DE PERFURAÇAO TARDIA DE ESOFAGO TORACICO POR CORPO ESTRANHO – RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
As lesões esofágicas, embora pouco prevalentes, têm elevado índice de letalidade, em especial se há atraso no diagnóstico: 10-25% de mortalidade quando tratadas nas primeiras 24h vs 40-60% após 24h. A principal causa de perfuração esofágica está relacionada iatrogenias durante procedimentos endoscópicos, sendo seguida de: ruptura espontânea, trauma, ingestão de corpo estranho (CE).
Por sua baixa prevalência, lesões esofágicas continuam apresentando-se como desafio para os cirurgiões, pouco habituados ao manejo destas. Neste trabalho, faz-se relato de caso de perfuração de esôfago torácico secundária a ingestão de CE e tratamento empregado.
RELATO DE CASO
Paciente feminino, 4 anos, admitida no Instituto Dr. José Frota (IJF) acompanhada da mãe com relato de dor torácica à direita e em todo abdome, associada a hiporexia, odinofagia e febre havia uma semana, sem alterações do hábito intestinal. Exame físico: febril (38,4ºC), FC 150bpm, abdome tenso e difusamente doloroso à palpação. USG abdominal total dentro da normalidade e radiografia de tórax com opacificação peri-hilar à direita. Durante internamento, criança referiu ter ingerido CE, motivando realização de TC de tórax sem contraste que evidenciou hidropneumotórax direito. Paciente foi encaminhada ao centro cirúrgico para avaliação por endoscopia digestiva alta (EDA); durante indução anestésica, houve queda da saturação (Sat O¬¬¬2 58%). Realizou-se drenagem torácica fechada em selo d’água com saída de líquido pleural turvo. Após toracostomia, paciente evoluiu com estabilização da saturação e melhora do padrão ventilatório. Na EDA, identificou-se CE (escova de dentes) impactado na transição esofagogástrica, provocando perfuração da parede látero-posterior do esôfago com penetração na cavidade pleural direita. À retirada do objeto e passagem de sonda nasoentérica, seguiu-se toracotomia aberta com incisão transversa entre 5º e 6º espaços intercostais direritos, visualizando-se grande quantidade de fibrina aderida ao pulmão direito, espessamento da pleura parietal e lesão de aproximadamente 4cm de extensão em esôfago torácico. Realizou-se limpeza da cavidade e reparo primário da lesão com sutura contínua com fio de poliglactina protegida por patch pleural e aposição de surgicell. Foram fixados dois drenos torácicos. Paciente evoluiu com fístula esôfago-pleural dirigida pelos drenos e de tratamento conservador bem sucedido, recebendo alta hospitalar com aceitação de dieta via oral.
DISCUSSÃO
A perfuração de esôfago secundária a CE ocorre mais de 24h após a ingestão devido a inflamação transmural no sítio de impactação do CE, podendo manifestar-se de maneira insidiosa, o que leva a identificação e reparo tardios da lesão.
Os objetivos do tratamento consistem em controlar o processo infeccioso, manter o estado nutricional do paciente e restaurar a integridade do trato digestivo. Embora o reparo primário seja o padrão, o cirurgião deve individualizar cada caso e ser flexível para garantir o sucesso da terapêutica utilizada.
Área
ESÔFAGO
Instituições
INSTITUTO DOUTOR JOSÉ FROTA - Ceará - Brasil
Autores
Barbara Oliveira Brito Siebra, Ramiro Rolim Neto, George Lucas Vieira Florêncio, Lucyano Rocha da Silva Ferraz, Ivens Filizola Soares Machado