Dados do Trabalho
TÍTULO
RADIOCIRURGIA ESTEREOTAXICA CORPOREA EM METASTASES HEPATICAS IRRESSECAVEIS : UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) é uma síndrome autossômica dominante relacionada à mutação no gene APC, ocasionando desenvolvimento de pólipos colônicos pré-malignos. O tratamento preferencial é a cirurgia profilática. A lesão pode evoluir em um carcinoma colorretal cujo local mais comum de metástases é o fígado, nesse sentido a ressecção do tumor primário, metastasectomia hepática e quimioterapia são consideradas tratamento padrão. No entanto, alguns pacientes não são candidatos à metastasectomia por características da lesão ou comorbidade do doente. Nesse contexto, a radiocirurgia ganha destaque, por ser uma abordagem não invasiva, com toxicidade limitada e atingir o controle local da doença. Dadas as condições de desenvolvimento da metástase hepática por carcinoma colorretal, este relato busca pleitear uma escolha de tratamento tendo em vista uma lesão irressecável.
RELATO DE CASO
Feminino, 36 anos, diagnosticada com adenocarcinoma de cólon esquerdo e metástase para fígado e pulmão. Apresenta antecedente de hepatocarcinoma metastático para pulmão na infância tratado com quimioterapia e metastasectomia hepática; e histórico familiar de PAF. Há 2 anos, iniciou um quadro crônico de diarréia mucosanguinolenta e dores abdominais, realizou colonoscopia que evidenciou múltiplos pólipos colorretais e lesão ulcerada de cólon descendente. O laudo histopatológico mostrou adenomas com displasia de alto grau e adenocarcinoma de cólon esquerdo, KRAS mutado metastático para fígado. A paciente realizou então proctocolectomia restauradora, e posteriormente, a metastasectomia hepática no segmento II. Após ressecção, iniciou quimioterapia (C8) com doença residual estável. Após 9 meses da quimioterapia, realizou RMN de abdome e pelve que evidenciou nódulo no segmento III 20% maior em relação ao exame anterior (3,3 para 3,9 cm) e outros 3 nódulos hipervascularizados em segmento II. Pela impossibilidade de nova ressecção hepática, optou-se pela realização quimioterapia (3C), reduzindo 50% as lesões. Posteriormente, foi submetida a ablação por radiofrequência (50Gy) com excelente resposta em lesão hepática e no momento segue em quimioterapia de manutenção, sem nenhum sinal de nova progressão.
DISCUSSÃO
O cenário apresentado no caso, demonstra uma situação de exceção, na qual o tratamento cirúrgico padrão não é possível de ser realizado por comorbidades anteriores. Nesse contexto vê-se a necessidade de outras alternativas, entre elas a radiocirurgia estereotáxica corpórea (REC). A REC pode fornecer controle local da doença e sobrevida em até 2 anos semelhante ao tratamento cirúrgico, ademais, trata-se de um procedimento não invasivo, ambulatorial, e com boa tolerância, tornando-se, atualmente, uma importante abordagem. No caso descrito a paciente com antecedentes de ressecções hepáticas, em protocolo quimioterápico paliativo e metastasectomia para a lesão atual contraindicada, foi submetida a REC e a continuação do tratamento sistêmico.
Área
FÍGADO
Instituições
Liga Acadêmica de Oncologia do Hospital de Base do Distrito Federal - Distrito Federal - Brasil
Autores
Beatriz Carneiro Habbema de Maia, Thalita Millene Moura, Fausto Lustosa Fonsceca, Pedro Henrique Rodrigues Correia, Renata Pereira Fontoura, Viviane Alves do Santos, Alessandra Vanessa Leite e Silva, Rodrigo Nascimento Pinheiro