Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOCARCINOMA DE OVARIO E METASTASE ESPLENICA POR VIA HEMATOGENICA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

No Brasil, o tumor de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum. Sua disseminação pode ser por diversas vias, sendo a principal a transcavitária. A disseminação por via hematogênica é a menos frequente, compondo apenas de 1 a 3 % dos casos, e tem como principais sítios o fígado, pulmões, pleura e baço. Desta forma, as metástases ovarianas para o baço são incomuns, e, quando ocorrem, em geral compõe um quadro de doença metastática multivisceral. As metástases esplênicas também podem ocorrer como massa esplênica solitária, sincrônica ou metacrônica ao tumor primário, porém isto representa apenas 1% dos casos. Relatamos o caso de uma paciente com história adenocarcinoma seroso de ovário de alto grau com metástase esplênica por via hematogênica, que corresponde a minoria dos casos relatados na literatura.

RELATO DE CASO

Paciente 44 anos com adenocarcinoma seroso de ovário de alto grau, G3IIIA. Em tomografia de 2014, apresentava duas formações medindo, à esquerda 12,6 x 10,5 x 10,7 cm e à direita 10,2 x 9,6 x 8,8 cm. Foi optado pelo tratamento neoadjuvante com posterior salpingooforectomia bilateral, acompanhada de histerectomia, exérese de massa retrovesical e linfadenectomia. Em nova tomografia viu-se o surgimento de uma lesão nodular no baço, medindo 4,6x 5,3x 4,6 cm, sugestivo de lesão secundária. Em 2016 foi realizada biopsia da mesma, sendo diagnosticado como infiltração de adenocarcinoma. Foi submetida à quimioterapia de resgate, seguida de esplenectomia por invasão metastática da neoplasia ovariana, associada à consolidação da quimioterapia. Em 2017 surgiu, no fígado, lesão nodular irregular de 2,9x 2,2 cm , sugerindo lesão de origem neoplásica secundária. No momento, paciente está em programação de tratamento de metástase hepática.

DISCUSSÃO

A disseminação peritoneal é a mais frequentemente associada a neoplasia do ovário, fazendo com que as metástases esplênicas dos tumores de ovário tenham apresentação preferencialmente capsulares. No relato, apresentamos o caso de uma paciente com metástases metacrônicas, esplênica e retrovesical de câncer de ovário cujo resultado da esplenectomia e da análise anatomopatológica do mesmo evidenciou apenas o acometimento intraparenquimatoso do baço. Tais achados indicam que a disseminação foi hematogênica, diferindo do que é comumente encontrado na literatura. Dentre os relatos sobre metástases de neoplasias ovarianas, destaca-se a via intracavitária como de maior frequência, sendo a disseminação hematogênica pouco frequente e a disseminação hematogênica para o baço rara. Devido aos poucos relatos existentes, ainda não existe uma proposta terapêutica bem consolidada, o que ressalta tanto a importância de relatos de caso que exemplifiquem as experiências de diferentes centros, bem como a importância de estudos multicêntricos comparativos abordando as diferentes propostas, como as diferentes quimioterapias neoadjuvantes, adjuvantes e de resgate, assim como intervenções cirúrgicas de imediato.

Área

FÍGADO

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Isabela Marangon Pasotti, Maurício Alves Ribeiro, Carolina Palamin Buonafine, Gregório Zalaf Caseiro, Murilo Golin, Aline Celeghini Rosa Vicente, Talita Magalhães Bernardo, Luís Arnaldo Szutan