Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: ABORDAGEM DO TRAUMA TORACICO EM PACIENTE VITIMA DE PAF

INTRODUÇÃO

O trauma é a terceira causa de morte no Brasil, sendo o acometimento torácico responsável por 25% das mortes. O destaque é o trauma torácico penetrante, sendo a arma de fogo causa de cerca de 75% dos atendimentos. As principais lesões nesses pacientes são contusões pulmonares, hemotórax, pneumotórax e lesões mediastinais. Podem ser fatais, especialmente se não prontamente identificadas e tratadas durante a avaliação primária sendo que 15-30% requerem intervenção cirúrgica.

RELATO DE CASO

F.G.S., 31 anos, masculino, vítima de espancamento e PAF, trazido pelo SAMU em protocolo de trauma. Admitido consciente, orientado, agitado, referindo dor torácica intensa predominando à esquerda, frequência respiratória de 25irpm. Estável hemodinamicamente, porém SatO2 88% em ar ambiente. Ao exame físico há presença de 2 orifícios em região escapular esquerda, a nível do segundo e quarto arco intercostal sem orifício de saída, taquidispneico, com redução da expansibilidade pulmonar e do murmúrio vesicular bilateral. Mantendo SatO2 90% a despeito de uso de cateter de O2 a 4L/min, foi efetuada drenagem torácica esquerda (líquido sero-hemático, com escape aéreo). Contudo, paciente manteve quadro de dor, taquidispneia e queda da saturação. Optou-se por avaliação com radiografia e tomografia computadorizada de tórax que evidenciaram hemopneumotórax bilateral, fratura de arcos costais e contusões pulmonares. Visualizado um projétil alojado em parênquima pulmonar em hemitórax inferior direito, ao nível do décimo arco intercostal e segundo projétil alojado em região mediastinal esquerda superior. Ausência de acometimento cardíaco, esofágico e de grandes vasos. Paciente evoluiu com melhora do quadro após drenagem do hemitórax direito, com posterior retirada do dreno, recebendo alta em bom estado geral.

DISCUSSÃO

No caso em questão, o paciente apresentou duas lesões por PAF em região escapular à esquerda, sem o acometimento de órgãos mediastinais e alojamento dos projéteis em lobos pulmonares, evidenciado pelos exames imagenológicos. Como conduta foi realizada a drenagem torácica à esquerda, porém sem melhora. Após a investigação radiológica foi realizada a drenagem do hemitórax direito devido a um hemopneumotórax. A maioria dos traumas torácicos penetrantes é resolvida com a drenagem, sendo que apenas 15–30% destes necessitarão de toracotomia. As indicações de toracotomia nas primeiras horas de admissão nos prontos socorros estão relacionadas a hemotórax maciço, com drenagem imediata de pelo menos 1500mL de sangue nas primeiras 2 a 4h; tamponamento cardíaco; feridas de grandes dimensões na caixa torácica; instabilidade hemodinâmica gerada por lesões a vasos nobres do tórax, como a aorta; lesões traqueobrônquicas extensas e evidência de perfuração esofagiana. Neste caso, optou-se por uma conduta conservadora e paciente evoluiu com melhora clínica. Assim, cada caso deve ser analisado separadamente para evitar cirurgias desnecessárias.

Área

TRAUMA

Instituições

Pontifícia Universidade Católica de Goiás - Goiás - Brasil

Autores

Camila Pires Marinho, Ana Flávia Zanelli de Almeida, Rafaella Oliveira Curti, Andrielle Nunes Santos, Isabela Morais Borges, Manuelle Quixabeira Freire, Paulina Inácio Protássio Musse, Phellipe Gonçalves Pimentel