TÍTULO

Estudo retrospectivo dos achados anatômicos das vias biliares em pacientes submetidos a colangiografia intraoperatória eletiva

OBJETIVO

Descrever aspectos anatômicos, clínicos, laboratoriais e epidemiológicos do grupo de pacientes submetidos ao exame de colangiografia intraoperatória em cirurgia de colecistectomia videolaparoscópica.

MÉTODO

Estudo transversal descritivo, realizado em um hospital particular de Porto Alegre - Rio Grande do Sul. Foram selecionados pacientes entre 18 a 80 anos, submetidos a colangiografia intraoperatória (CTO), durante colecistectomia videolaparoscópica eletiva, no ano de 2018. Os dados foram coletados através de prontuário. A análise de dados foi processada no programa Excel, sendo calculado as frequências e percentuais das variáveis.

RESULTADOS

O estudo foi composto por 72 pacientes, com predominância do sexo feminino (76%) e média da faixa etária de 56 anos, sendo a mínima 22 anos e a máxima 77 anos. Dos pacientes analisados, aproximadamente 95% foram sintomático, os quais apresentaram sintomas gerais como náuseas, vômitos, dor abdominal em cólica e/ou pós-prandial, sendo que destes 36% apresentaram alterações laboratoriais nos exames pré-operatórios e 4,3% dos pacientes sintomáticos apresentaram sintomas colestáticos. Da amostra analisada 10 pacientes não realizaram o exame de CTO. Destes, 30% por falta de equipamento radiográfico durante o tempo cirúrgico intraoperatório; 50% por alterações anatômicas no ducto cístico, seja por ducto curto, enovelado ou valvulado, e os demais, por clipagem concomitante do ducto cístico com artéria cística, dificultando assim a cateterização do mesmo. Na identificação do ducto cístico, prévia a cateterização, foi identificado que 32% dos pacientes apresentavam ducto curto, limitando a margem para a clipagem e aumentando o risco de lesão iatrogênica.
Durante a injeção de contraste, 61% dos pacientes apresentaram dilatação normal, de até 0,8cm e 22% apresentou espasmo ampolar, porém com melhora após a alteração da incidência radiográfica ou após administração de buscopam composto endovenoso, apresentando boa passagem pelo Esfíncter de Oddi em 92% dos casos após manobras. No procedimento cirúrgico foram evidenciados achados casuais de variações anatômicas em 30% dos pacientes. A variação anatômica mais prevalente confere a presença da artéria cística anterior ao ducto cístico, presente em 14,5% de toda a amostra e perfazendo 40% das alterações encontradas. A segunda alteração mais frequente foi a presença de artéria cística acessória anterior, presente em 3,2% da amostra total e correspondendo a 8% das alterações. As demais alterações encontradas foram variantes que afetam a árvore biliar intra-hepática e variantes que afetam o ducto cístico.

CONCLUSÕES

Neste estudo, a CTO mostrou ser um procedimento seguro durante as colecistectomia videolaparoscópica tendo a capacidade de identificar as alterações anatômicas existentes e de demonstrar a eventual presença de cálculos na via biliar principal insuspeitos, reduzindo ainda a possibilidade de lesões iatrogênicas.