Dados do Trabalho
TÍTULO
REJEIÇAO A TELA ASSOCIADA A INFECÇAO EM POS OPERATORIO TARDIO DE HERNIOPLASTIA INGUINAL
INTRODUÇÃO
A hernioplastia inguinal é o procedimento cirúrgico mais comum realizado sobre a parede abdominal. Estudos apontam que na América Latina quase 10% do total de procedimentos cirúrgicos sejam de correção de hérnias inguinais. É um procedimento que evoluiu bastante ao longo dos séculos e hoje, com o conceito “tension free” e com a colocação de tela de polipropileno pela técnica descrita por Lichtenstein, suas chances de complicações foram reduzidas exponencialmente, oscilando entre 5 a 7%, em estudos americanos e europeus, diminuindo também a taxa de recidiva. Complicações do método são possíveis, sendo a rejeição da prótese um evento incomum.
RELATO DE CASO
NSS, 59 anos, hipertensa e diabética, foi submetida à hernioplastia inguinal direita segundo a técnica de Lichtenstein, não havendo intercorrências no intra e pós operatório imediato. Após um mês da cirurgia começou a apresentar mal estar inespecífico e ferida operatória deiscente, retornando ao ambulatório de referência quando foi drenado exsudado seroso. Com quatro meses do pós cirúrgico retorna com agravamento do quadro, ferida operatória não cicatrizada expelindo liquido seroso escuro e odor fétido; paciente apresentava leve rebaixamento do sensório, sendo por isto internada. Foi submetida à limpeza e exploração da ferida operatória e retirada da tela, evoluindo com melhora do quadro, associado ao uso de antibioticoterapia venosa. Passou a realizar acompanhamento ambulatorial trimestralmente, sendo retirado seguidamente exsudato seroso e fios cirúrgicos da ferida operatória. Após 2 anos do procedimento a paciente foi re-internada devido a abscesso em região genital com ponto de flutuação que drenou espontaneamente. Realizou hemocultura negativa por duas vezes. Paciente evoluiu com taquipneia, letargia e hipertensão sendo transferida para UTI; após 24 dias deste novo internamento realizou novo procedimento cirúrgico para limpeza de ferida operatória da região inguinal direita, novamente com sinais de infecção. Segue internada no hospital ainda em discussão com equipe como será conduzido o caso.
DISCUSSÃO
Poucos estudos relatam ocorrência de infecção pós herniorrafia inguinal; um estudo inglês relatou a ocorrência de 3% de infecção por S. aureus em uma grande amostra populacional ao longo de uma década. Não foram encontrados estudos brasileiros que descrevessem o agravo; na América latina encontramos somente um relato de caso no Chile associando a infecção pós-operatória a um aumento da morbimortalidade tardia. A importância deste relato reflete-se na permanência do processo infeccioso mesmo após repetidas intervenções, inclusive com retirada de tela e fios cirúrgicos, e cobertura com antibióticos de largo espectro.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Hospital Ana Nery - Bahia - Brasil
Autores
Diego Maciel Maciel, Beanie Conceição Medeiros Nunes, Gabriel Carvalho Nascimento, Caique de Santana Santos, Carolina Falcão Lopes Mourão, Giulia Martins Pinto Lima, Luzia Poliana Anjos da Silva, André Luis Barbosa Romeo