TÍTULO

Fístula de anastomose ileocólica: uma comparação do uso de grampeador linear cortante versus confecção manual.

OBJETIVO

Comparar os casos de fístula de anastomose ileocólica que foram submetidos à confecção mecânica (grampeador) versus confecção manual.

MÉTODO

Estudo analítico do tipo coorte retrospectiva, realizado em um hospital particular de Porto Alegre - Rio Grande do Sul, no período de 2014 a 2017. Os dados foram coletados através de prontuários de todos os pacientes que realizaram ileocolectomia com anastomose primária abertas ou videolaparoscópicas. A análise de dados foi processada no programa SPSS versão 20.0, sendo obtida inicialmente a estatística descritiva das variáveis e em seguida foi avaliado a relação das variáveis pelo teste Exato de Fisher ou teste de Qui-quadrado com correção de Yates conforme as frequências esperadas.

RESULTADOS

O estudo foi composto por 60 pacientes, dos quais 42 (70%) foram submetidos a anastomose mecânica e em 18 (30%) a anastomose manual. A incidência de fístula foi 13,3%, sendo maior em pacientes com idade superior a 70 anos (51%), presente também em 14,3% dos pacientes com neoplasia. Dos pacientes que apresentaram fístula clínica, 60% ficaram mais de trinta dias internados e seis pacientes tiveram sepse abdominal, sendo que todos eles, manifestaram fístula clínica antes. A taxa de reoperação nos pacientes com fístula foi de 75%, possuindo significância estatística ( p <0,001). Apenas dois casos do estudo foram identificados como sendo cirurgias de urgência, sendo um submetido a anastomose mecânica e o outro a anastomose manual, ressaltando que somente o paciente do método manual desenvolveu fístula. Em relação ao preparo de cólon, apesar de já descrito na literatura como uma prática proscrita e que acrescenta risco, ainda é uma rotina comumente vista. 23% dos pacientes estudados foram submetidos a essa técnica, sendo que 21.4% destes apresentaram fístula, em comparação com 10.9% da taxa de fístula do grupo que não teve preparo de cólon. Dos pacientes que foi submetido à anastomose manual, 22,2% desenvolveram fistula e dos que foi submetido à anastomose mecânica 9,5% desenvolveram. Apesar da diferença expressiva, não houve significância estatística (p = 0,225). Seis pacientes foram a óbito, sendo que cinco deles (83.3%) apresentaram fístula clínica, havendo significância estatística (p <0,001). Dos pacientes que foram a óbito 16.7% foram submetidos à anastomose manual e 7,1% submetidos à anastomose mecânica.

CONCLUSÕES

No estudo pode-se observar a gravidade de pacientes que apresentam fístula de anastomose ileocólica, pois possuem taxas maiores de internações superiores a 30 dias, mais reoperações, mais sepse abdominal e maior mortalidade. A relação entre a presença de fístula em pacientes submetidos à confecção mecânica (grampeador) versus confecção manual, não apresentou diferença estatística, mas devido ao tamanho amostral pequeno, sugere-se outros estudos mais robustos, a fim de avaliar essa relação.