TÍTULO

MESENTERITE NECROTIZANTE: UM RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

A mesenterite esclerosante é uma entidade rara, necessitando em muitos casos de abordagem cirúrgica e biópsia do local acometido com apoio de exames de imagem para suspeita diagnóstica.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 54 anos, dá entrada no Pronto Socorro de um hospital de Curitiba com queixa de dor abdominal há 13 dias, havia recorrido à Unidade Pronto Atendimento 3 vezes. Apresentou náuseas e vômitos, hábitos intestinal e urinário dentro da normalidade. De história mórbida pregressas realizou esplenectomia no ano de 2014 e colecistectomia e faz acompanhamento no serviço de hematologia do hospital por Púrpura Trombocitopênica Idiopática e poliglobulia. Em uso de Rivotril, Haloperidol e Captopril. Demonstrava distensão abdominal e dor a palpação em mesogástrio, sem sinais de irritação peritoneal. Foi submetido a Tomografia Computadorizada (TC) com borramento em gordura mesentérica, espessamento de íleo e cólon ascendente. Nos exames laboratoriais apresentava 18.510 de leucócitos, 10% de bastões e 26.800 plaquetas. Foi realizado o procedimento cirúrgico de enterectomia, com presença de espessamento de mesentério e alça de intestino delgado a 70 cm do ângulo de Treitz com evidências de isquemia da alça de intestino delgado a 120 cm do ângulo de Treitz com extensão de 30 cm. O anatomopatológico evidenciou segmentos de intestino delgado com necrose hemorrágica transmural, vasos congestos e trombose acentuada e segmento entérico com intensa serosite aguda fibrinoide. O paciente apresentou piora do estado geral e foi realizada reabordagem cirúrgica do sítio com enterectomia de cerca de 10 cm de segmento edemaciado e evidenciado áreas de trombose. No pós-cirúrgico foi realizado TC de controle e foi evidenciado trombose de veia mesentérica superior e veia porta, com espessamento de alças ileais e de cólon com diagnostico de mesenterite necrotizante.

DISCUSSÃO

A mesenterite esclerosante é uma inflamação crônica da gordura mesentérica rara e idiopática, com prevalência de 0,16% a 7,80% com predomínio em homens caucasianos entre 50 e 70 anos de idade Sua fisiopatologia sugerida incluem cirurgias prévias, trauma abdominal prévio, doenças autoimunes, lesão isquêmica e infecção. A apresentação clínica depende da evolução da doença, podendo ser assintomática ou com sinais e sintomas de dor abdominal, náuseas e vômitos. Geralmente seu diagnóstico é estabelecido através de avaliação histopatológica e com achados radiológicos compatíveis com espessamento do mesentério. A TC é a modalidade de imagem mais sensível, achados como sinal do anel adiposo e pseudocápsula tumoral são considerados específicos para mesenterite esclerosante.