TÍTULO

TRAUMA ABDOMINAL CONTUSO ASSOCIADO A TRAUMA ESPLENICO E PANCREATICO

INTRODUÇÃO

Os acidentes automobilísticos são responsáveis por 60% dos traumatismos abdominais contusos. Nesse tipo de trauma, as vísceras parenquimatosas são mais frequentemente acometidas, sendo o baço o órgão mais afetado. O pâncreas está protegido posteriormente pela coluna vertebral e pela musculatura paravertebral e anteriormente pelos órgãos intra-abdominais, o que justifica sua rara ocorrência, apresentando incidência de 3% a 12% nos pacientes que sofrem trauma abdominal contuso.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, vítima de colisão moto versus carro. Trazido para atendimento no Hospital Municipal de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura (Socorrão II), de São Luís-MA, pelo SAMU com imobilização cervical, em prancha rígida, com acesso venoso periférico, hipocorado (++++/4). Ao exame: vias aéreas pérveas, murmúrio vesicular presente bilateralmente, sem ruídos adventícios, taquipnéico (36 irpm), taquicárdico (120 bpm), enchimento capilar prolongado, pulsos radiais filiformes e rápidos, abdome difusamente doloroso e com sinais de irritação peritoneal, glasgow 14 (confuso), enquadrando-se em choque hipovolêmico/hemorrágico (classe III). Paciente referia dor em membro inferior direito (coxa) com movimentação comprometida. No acolhimento foi administrada reposição volêmica de 30ml/kg de ringer lactato sem repercussão clínica significativa. Feito hemograma (hb de 8 g/dl, ht de 21% e 155.000 de plaquetas), tipagem sanguínea e 04 concentrados de hemácias. O paciente realizou tomografia computadorizada evidenciando lesão esplênica grau V, lesão pancreática grau II e fratura de fêmur. Foi submetido à laparotomia, onde foi visto lesão esplênica grau V e lesão de cauda e corpo de pâncreas. Foi realizada esplenectomia e pancreatectomia de corpo e cauda. Foram deixadas 9 compressas em assoalho subfrênico esquerdo, sendo reabordado 48 horas após. No 6º dia de pós-operatório o paciente evolui bem e continua internado para futura abordagem do fêmur.

DISCUSSÃO

Considerando-se os aspectos analisados, conclui-se que o paciente apresentou trauma abdominal contuso grave associado à laceração esplênica e lesão de cauda e corpo de pâncreas, duas situações que cursam com altas taxas de mortalidade (respectivamente, entre 17% - 19% e superior a 50%) por evoluirem com choque hipovolêmico/hemorrágico e necessitarem de rápida intervenção cirúrgica.